No Centro Histórico de Salvador, uma tragédia ocorreu na tarde de quarta-feira (5), quando parte do teto da Igreja de São Francisco de Assis, popularmente conhecida como 'igreja de ouro', desabou, resultando na morte de uma turista de 26 anos e deixando outras cinco pessoas feridas. A informação foi confirmada pelo Corpo de Bombeiros Militar da Bahia (CBM-BA).
A igreja, reconhecida como uma das Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no mundo, já apresentava problemas estruturais há anos, o que levanta questões sobre a segurança do local. No momento do incidente, não havia missa ou celebração, mas o espaço onde os fiéis normalmente se reuniam ficou coberto de destroços da madeira que formava o telhado.
Detalhes do Acidente e Vítimas
A vítima fatal foi identificada como Giulia Panchoni Righetto, natural de Ribeirão Preto, São Paulo. Ela estava acompanhada do namorado e de um casal de amigos no momento do desabamento. Enquanto o namorado e um amigo não se feriram, a amiga de Giulia sofreu um corte na testa e foi levada a um hospital local. Outras quatro pessoas também ficaram feridas, mas todas receberam alta após atendimento.
O desabamento ocorreu por volta das 14h30 no templo, situado no Largo do Cruzeiro de São Francisco, no tradicional Pelourinho. A Defesa Civil especificou que a estrutura central da igreja cedeu, aparentemente devido ao peso excessivo do teto.
Investigações e Reações das Autoridades
A Polícia Federal foi responsável por investigar as causas do desabamento. A Polícia Civil da Bahia também entrou no caso, por meio do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Logo após o incidente, a área foi isolada pelas autoridades e o templo foi interditado.
As reações das autoridades foram de profunda tristeza. O Iphan e o Ministério da Cultura lamentaram a morte e garantiram que estão acompanhando a situação de perto. Em sua nota, o Iphan destacou que a igreja é de propriedade da Ordem Primeira de São Francisco, que é responsável pela manutenção do edifício. Além disso, o órgão havia recentemente concluído o restauro de painéis de azulejaria portuguesa na igreja em maio de 2023.
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, expressou seus sentimentos e compromisso com a preservação do patrimônio cultural brasileiro, ressaltando: "A Igreja de São Francisco carrega em suas paredes a história, a fé e a identidade de muitos, representando muito mais do que uma edificação."
Histórico da Igreja de São Francisco
A Igreja de São Francisco de Assis foi fundada no início do século XVIII e é famosa por seu interior ricamente decorado com ouro e magníficas obras de arte. Desde o tombamento como patrimônio material do Brasil pelo Iphan, a igreja não recebeu as devidas manutenções necessárias, o que levou à degradação de sua estrutura ao longo dos anos.
Em inspeções anteriores, já havia sido constatado que o local apresentava pinturas e teto desgastados, fiação exposta, pilastras sem revestimento e piso desnivelado, dificultando a locomoção, especialmente para pessoas com mobilidade reduzida.
Durante uma visita em 2023, o governo federal anunciou planos de restaurar a igreja, mas os atrasos e a falta de manutenções essenciais agravaram a situação do templo, culminando nesse desabamento trágico.
A Reação da Comunidade e o Futuro do Templo
Após o acidente, todos os eventos culturais programados no Pelourinho foram cancelados pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. A Arquidiocese de Salvador manifestou seu pesar, reforçando a importância da igreja como patrimônio mundial e destacando que "neste momento de imensa dor, unimo-nos em oração pela vítima fatal, por seus familiares e por todos os atingidos por essa tragédia".
Os desafios de revitalização do templo são enormes, dado que a restauração deve respeitar as características históricas que justificaram seu tombamento. A comunidade e as autoridades permanecem em luto pela perda e em busca de um caminho para a recuperação da igreja, que é um símbolo de fé e história.
O que ocorreu na Igreja de São Francisco de Assis é um lembrete urgente da importância da manutenção e preservação dos nossos patrimônios históricos. Debate-se agora sobre a segurança em lugares similares, com a expectativa de que medidas imediatas sejam tomadas para evitar novos infortúnios.