Nos últimos meses, uma onda de violência sectária na Síria ganhou intensificação alarmante, resultando em expulsões forçadas e execuções sumárias de civis alawitas. Desde o surgimento do conflito em 2025, as minorias religiosas, especialmente os alawitas, tornaram-se alvos de milícias sunitas em um cenário de vingança sectária brutal. O início desta escalada foi marcado por ataques significativos em março, seguindo-se por um padrão de agressões persistentes ao longo de abril, atingindo principalmente as províncias de Latakia, Tartus, Hama e Homs.
A crise humanitária resultante da repressão dos alawitas já se manifestou em um êxodo em massa para o Líbano. Relatos da Associated Press indicam que milhares de alawitas abandonaram suas casas após sofrer sequestros e torturas nas mãos de grupos armados. Corporações de civis têm sido encontrados em áreas dominadas por sunitas, com muitos corpos apresentando sinais de mutilação, reforçando a gravidade das alegações de assassinatos sectários. O Observatório Sírio de Direitos Humanos reporta que mais de 1.700 pessoas foram mortas em março, a maioria delas civis, destacando uma urgência por ação e proteção.
Enquanto isso, as falhas do governo em proporcionar segurança às comunidades civis se tornam cada vez mais evidentes. Desde a criação de comitês de investigação em 9 de março para apurar os massacres, a extensão dos prazos sem resultados concretos em 10 de abril revela uma falta de compromisso do governo interino com a justiça. As milícias que apoiam o governo, as quais também foram acusadas de abusos contra a população alawita, permanecem isentas de responsabilização. Um ativista da Anistia Internacional critica a incapacidade do governo: "Não consegue proteger civis nem punir violações".
A desinformação também desempenha um papel crucial neste contexto, com narrativas sectárias disseminadas amplamente nas redes sociais, gerando temores de uma limpeza religiosa em curso. Relatos locais descrevem as recentes execuções como "vingança por décadas de opressão" sob o regime de Assad. A falta de punição a ex-funcionários do regime apenas alimenta novos ciclos de violência, levando insurgentes alawitas a recrutar descontentes que veem a violência como a única solução.
À medida que a situação se agrava, o governo interino enfrenta crescente pressão pela desmilitarização das facções sectárias e pela garantia de direitos fundamentais às minorias. Especialistas alertam que qualquer atraso na justiça poderá solidificar divisões sectárias, comprometendo os esforços de transição política. Enquanto isso, a população alawita deslocada vive em campos temporários, sem esperanças de um retorno seguro a suas casas.
Fontes: A informação contida neste artigo foi corroborada por relatórios da Associated Press e dados do Observatório Sírio de Direitos Humanos.