Vaticano, 30 de abril de 2025 — O conclave que escolherá o sucessor do Papa Francisco, que faleceu em 21 de abril, terá início em 7 de maio e contará com a participação de 133 cardeais votantes. Uma das principais indagações que permeiam esse momento é se a Itália, após cinco décadas de papas não nativos, conseguirá recuperar a liderança na Igreja Católica.
O último pontífice italiano, João Paulo I, foi eleito em 1978, mas seu reinado durou apenas 33 dias. Desde então, o papado foi ocupado por líderes de outras nacionalidades: um polonês, João Paulo II, um alemão, Bento XVI, e um argentino, Francisco. A escolha do novo papa seguirá as diretrizes da constituição apostólica Universi Dominici gregis, que requer uma maioria qualificada de dois terços, ou seja, 89 votos, para a efetivação do novo líder. Dos 135 cardeais que poderiam participar da eleição, dois optaram por se abster, entre eles Giovanni Angelo Becciu, que esteve envolvido em um escândalo de corrupção.
Entre os postulantes, o Cardeal Pietro Parolin, de 70 anos, que anteriormente atuou como secretário de Estado do Vaticano, é considerado um forte candidato, especialmente por sua habilidade como conciliador e por possuir afinidades com a linha reformista estabelecida por Francisco. Por outro lado, o Cardeal Matteo Zuppi, de 69 anos, atual presidente da Conferência Episcopal Italiana, ganha destaque por seu trabalho em mediação de conflitos e diálogo inter-religioso, características que são vistas como essenciais para liderar em tempos de divisão.
O contexto da eleição é marcado por demandas por reformas internas, maior transparência financeira e a necessidade de diversificação geográfica do colégio cardinalício, uma vez que 108 dos 135 cardeais elegíveis foram nomeados por Francisco. Embora o número de cardeais europeus, particularmente italianos, seja expressivo, a presença de 79 eleitores envolvidos em ministérios fora de Roma pode facilitar a escolha de um perfil mais global, refletindo uma Igreja cada vez mais universal.
Os cardeais entrarão na Capela Sistina no dia 7 de maio, onde iniciarão as votações diárias até que um consenso seja alcançado. A fumaça branca, que sinaliza a escolha do novo papa, deve aparecer entre 48 horas a uma semana após o início das votações. A cerimônia de posse do novo pontífice ocorrerá na Praça de São Pedro e será transmitida globalmente.
Concluindo com a Análise de Especialistas, a escolha de um papa italiano pode ser vista como um impulso por maior estabilidade administrativa na Igreja, enquanto a seleção de um líder de fora da Europa poderia reforçar a dimensão universal da instituição. Marco Politi, analista vaticanista, destaca: "A geopolítica eclesiástica atualmente é tão complexa quanto a secular".