O governo da República Democrática do Congo (RDC) tomou um passo significativo ao solicitar a revogação da imunidade do ex-presidente Joseph Kabila, que governou de 2001 a 2019. A acusação inclui traição, crimes de guerra e associação a um grupo armado ilegal, com o intuito de processá-lo judicialmente por suposto apoio ao grupo insurgente M23, que tem atuado na região leste do país.
No dia 30 de abril, o Escritório do Procurador-Geral das Forças Armadas (FARDC) apresentou ao Senado um pedido detalhado, especificando quatro crimes pelos quais Kabila é acusado:
Apesar das alegações, Kabila nega ter qualquer envolvimento com os insurgentes. Fontes próximas ao governo creditam que ele mantém laços com os rebeldes, o que aumenta a preocupação com instabilidades futuras.
Esta ação contra Kabila surge em um panorama de crescentes tensões entre o governo do presidente Félix Tshisekedi e os aliados de Kabila, que dominam uma parte significativa do Legislativo. Analistas políticos sugerem que o pedido de revogação de imunidade pode ser uma estratégia de Tshisekedi para consolidar seu poder à medida que o país se aproxima das eleições de 2026.
A tramitação no Senado ocorreu com previsão de ritmo acelerado, onde a votação da revogação deverá ocorrer nas próximas semanas. A remoção da imunidade para ex-presidentes é um feito sem precedentes na história política congolesa, o que exacerba as incertezas políticas no país.
Em meio a este cenário interno tumultuado, a RDC também está em negociações para se juntar ao Conselho de Metais Críticos (CMF), um esforço apoiado pelo Pentágono para garantir o monitoramento de minerais estratégicos, como cobalto e cobre. Sendo a maior produtora global de cobalto, a RDC está focada em aumentar a transparência nessa indústria vital. Entretanto, especialistas alertam que as acusações contra Kabila podem influenciar negativamente a confiança de investidores estrangeiros no país.
Até a última atualização, o Senado não divulgou um cronograma oficial para a análise do pedido de revogação da imunidade. Kabila, por meio de sua defesa, planeja recorrer à Corte Constitucional caso a imunidade venha a ser revogada, o que briga por um desdobramento legal e político significativo na RDC.