Tatyana Marynich e Anastasiya Khamiankova, fundadoras do hub de startups Imaguru, enfrentam um cenário desolador de exílio e apatridia após o regime de Lukashenko criminalizar o ecossistema tecnológico independente de Belarus. Desde sua classificação como "formação extremista" em 2023, as empreendedoras tiveram suas propriedade confiscadas e foram condenadas a um total de 23 anos de prisão in absentia, levando à revogação de seus documentos e à declaração de apatridia na Espanha.
Instalado em 2013, o Imaguru se destacou como o primeiro hub de inovação de Belarus, proporcionando suporte às startups locais e gerando um impacto substancial no setor. Entre as empresas incubadas estão MSQRD, adquirida pelo Facebook, e Prisma, associada ao Snapchat. Ao longo de uma década, o hub conseguiu construir um ambiente dinâmico, atraindo cerca de US$ 100 milhões em investimentos para 300 startups e gerando grandes expectativas para o futuro do setor tecnológico no país.
Com a intensificação do controle estatal, o governo bielorrusso lançou uma onda de repressão contra iniciativas que fogem ao seu controle. A designação do Imaguru como "extremista" foi um ponto de virada que levou a um intenso monitoramento legal e perseguição. As fundadoras, além da longa sentença de prisão, têm enfrentado grandes dificuldades, como a perda de passaportes, o que as transformou em apátridas em um contexto já vulnerável.
Em março de 2025, uma submissão à ONU destacou as táticas sistemáticas do governo bielorrusso que visam transformar cidadãos em apátridas. O caso do Imaguru evidencia como a administração utiliza leis antiextremismo como uma ferramenta para sufocar toda e qualquer iniciativa econômica e inovadora que não esteja em alinhamento com seus interesses. O reconhecimento internacional da situação é crucial para mobilizar apoio e ações concretas contra a repressão.
As fundadoras encontram-se em um limbo jurídico na Espanha, sem qualquer documentação válida para reivindicar seus direitos. Dados indicam que milhares de dissidentes enfrentam restrições semelhantes, impossibilitados de renovar passaportes e, consequentemente, de estabelecer uma vida estável em seus novos lares. "Transformaram inovação em crime", lamenta Marynich, refletindo a grande frustração e impotência diante de uma situação tão adversa.
Enquanto a repressão em Belarus se intensifica, o setor tecnológico global já enfrenta suas próprias dificuldades em 2025, com demissões em massa em empresas renomadas como Canva e Blue Origin. Esse contraste ressalta a fragilidade de empreender em regimes autoritários, onde inovação é muitas vezes classificada como ameaça. A observação cuidadosa desse fenômeno pode oferecer lições vitais sobre os riscos enfrentados por empreendedores em ambientes hostis.