O final de Neon Genesis Evangelion deixou marca indelével na carreira de Hideaki Anno, levando-o a buscar terapia após o tumultuado desfecho original em 1996. A pressão de fãs e a autorreflexão sobre temas existenciais e criativos foram determinantes para essa crise, que culminou durante a produção de The End of Evangelion em 1997.
A série, famosa por sua profundidade filosófica e estética ousada, trouxe reações polarizadas. Fontes que acompanharam a criação do anime revelaram que Anno sofria de crises de ansiedade que o levaram a procurar ajuda profissional. Detalhes sobre seu tratamento são escassos, mas relatos de 1997 indicam que o diretor considerou a terapia insatisfatória para lidar com o peso das expectativas criativas.
A resposta de Anno à pressão e às críticas foi reimaginar o final de Neon Genesis Evangelion no filme de 1997, refletindo uma autoexposição confessional em sua arte. Kazuya Tsurumaki, co-diretor do longa, comentou que o tom sombrio do filme foi deliberado, com a intenção de afirmar: "Queríamos mostrar que animes podem ter finais amargos".
O final reimaginado em The End of Evangelion estabeleceu um novo padrão para a narrativa no anime, sendo referência para produções futuras que ousaram desafiar convenções. Cenas memoráveis, como o massacre de Asuka Langley e a sequência surreal da "Instrumentalidade Humana", consolidaram Evangelion como uma obra pioneira que aborda saúde mental na cultura pop japonesa.
Embora as críticas iniciais ao final original tenham sido negativas, a força criativa de Anno o levou a revisitar o universo de Evangelion em várias ocasiões. A tetralogia Rebuild, que se estendeu de 2002 a 2021, serviu como um processo terapêutico contínuo, permitindo ao diretor refletir sobre temas de identidade, conexão humana e a complexidade da saúde mental.
A busca de Anno por autenticidade criativa ao invés de se submeter a expectativas comerciais trouxe uma nova perspectiva para a indústria. Animes contemporâneos, como Madoka Magica (2011) e Attack on Titan (2013), incorporaram elementos de estrutura narrativa não linear e simbolismo psicológico que foram influenciados por Evangelion.
Apesar das limitações técnicas da época, os episódios finais foram produzidos com storyboards simplificados, mas ainda assim, a ousadia e a representação de temas existenciais garantiram à série o status de obra atemporal. Em entrevista à Newtype em 1996, Anno declarou: "Não me arrependo de nada. A arte precisa incomodar".
“Não me arrependo de nada. A arte precisa incomodar.” - Hideaki Anno
Ainda que as fontes citadas neste artigo sejam de natureza histórica, a análise dos acontecimentos de Neon Genesis Evangelion continua a conectar-se às discussões contemporâneas sobre saúde mental na indústria criativa. Esse assunto permanece uma questão crítica e sensível, especialmente considerando o 30º aniversário da franquia que se aproxima em 2025.