O novo chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, tomou uma posição polêmica ao afirmar que sua administração não deterá Benjamin Netanyahu, apesar da ordem de prisão internacional existente. Essa decisão levanta questões essenciais sobre o papel da Alemanha no fortalecimento da União Europeia (UE) no cenário geopolítico atual.
A maioria dos especialistas concorda que a principal função da UE é a defesa da lei internacional e do respeito às diretrizes das Nações Unidas. Eventos em várias capitais europeias, como a manifestação marcada para o dia 11 de maio, ressaltam a importância da União como um modelo político surgido após a Segunda Guerra Mundial, capaz de liderar a luta por esses objetivos e, assim, unir esforços com outros países ao redor do mundo.
A denúncia dos Estados Unidos à Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre práticas comerciais foi um passo significativo nesse sentido, e muitos países esperam que a UE tome iniciativas profundas para fortalecer a democracia e os direitos humanos.
O impacto do suporte de Alemanha e França, como líderes da UE, é crucial para que a organização cumpra seu papel de liderança. Juntas, essas nações podem alavancar a ajuda de outros estados-membros, incluindo Polônia, Espanha e Países Baixos. Entretanto, para que esse apoio seja eficaz, é imprescindível que os líderes europeus abordem de maneira inequívoca as ações do governo de Israel em relação aos palestinos.
Ilan Pappé, historiador israelense crítico do governo Netanyahu, evocou a gravidade da situação ao afirmar que "em um genocídio, não há dois lados". Os palestinos continuam a enfrentar uma crise humanitária severa, com a população de Gaza sujeita a uma opressão constante, incluindo fome, deslocamento forçado e violações de direitos humanos. A Corte Penal Internacional já alertou Israel sobre a gravidade das suas ações,izando a proibição da anexação de terras, mas a resposta da UE tem sido caracterizada pelo silêncio alarmante, o que reitera um desafio à sua própria integridade.
A sucessora de Josep Borrell na Alta Representação da UE, Kaja Kallas, atualmente ex-primeira-ministra da Estônia, tem se mostrado cautelosa, oferecendo ajuda humanitária a Israel sem abordar as críticas necessárias ao governo israelense. Esse posicionamento contrasta com os esforços de seu antecessor, que tentou recordar Netanyahu sobre as obrigações do direito internacional.
O que se espera agora é uma posição clara e firme da Alemanha. Apesar da amizade histórica entre as nações, a Alemanha deve avaliar se sua política em relação a Israel deve prevalecer sobre os princípios do direito internacional. O novo ministro das Relações Exteriores, Johann Wadephul, em seu discurso sobre o 80º aniversário da liberação de Auschwitz, expressou apoio a Israel, mas ao mesmo tempo deixou claro que essa amizade não deve ser uma permissão para ignorar as ações do governo israelense. Ele defendeu um alinhamento da política externa alemã com os princípios do direito internacional, ressaltando a necessidade de negociações de boa fé para que israelenses e palestinos possam coexistir de maneira pacífica, em linha com as bordas de 1967.