O filme 'O Agente Secreto' de Kleber Mendonça Filho é aclamado no Festival de Cannes. Reprodução: Omelete
O filme O Agente Secreto, dirigido por Kleber Mendonça Filho e estrelado por Wagner Moura, tem causado frisson na imprensa internacional durante sua exibição no Festival de Cannes. Descrito como uma obra-prima por diversos críticos, o longa evocou comparações com Ainda Estou Aqui, que recentemente conquistou o Oscar de Melhor Filme Internacional.
No site do jornalista Guilherme Jacobs, a produção de Mendonça foi caracterizada como um "brilhante thriller de espionagem ambientado no Brasil dos anos 1970". Ele destaca que, mais do que explorar truques narrativos, o roteiro oferece camadas profundas que interagem com mitos e verdades, ressaltando que, apesar de ser uma ficção, o filme discute questões altamente reais e pertinentes.
O crítico Leonardo Goi, contribuindo para a discussão nas redes sociais, fez uma comparação direta com Ainda Estou Aqui, rebatendo as abordagens cinematográficas dos dois diretores. Ele declarou: "Desculpa, mas eu prefiro a abordagem do Kleber Mendonça Filho—com seus desvios pulps e surrealistas—ao cinema clássico, estático do Salles em qualquer dia da semana". Essa declaração não só provoca reflexão sobre estilos distintos, mas também posiciona de maneira ousada o novo filme de Mendonça.
A publicação Variety também não poupou elogios, referindo-se a O Agente Secreto como um "thriller maravilhoso". O crítico Peter Debruge aplaudiu a habilidade de Mendonça em reconstruir a atmosfera da época, impregnada de calor opressivo e paranoia, um reflexo fiel do clima político brasileiro dos anos 70.
Ao receber a cotação máxima do The Playlist, o crítico Carlos Aguilar louvou o longa como "o esforço mais ambicioso e monumental de uma carreira que até agora não apresenta tropeços". Por outro lado, David Ehrlich, da IndieWire, comentou que o filme surpreende ao transitar por elementos de gênero, não se limitando a ser um filme de espionagem tradicional, mas sim flertando com os tropos desse gênero de modo incidental.
A cronologia da produção também foi destacada pelo ScreenDaily, que descreveu o filme como um suspense de duas linhas do tempo, animado pelo tipo de energia anárquica e errática que você espera encontrar em um desfecho explosivo. Essa estrutura complexa promete manter o público envolvido e intrigado até o final.
Na história, Wagner Moura interpreta Marcelo, um professor universitário forçado a deixar São Paulo e se refugiar em Recife, fugindo de agentes do governo que o perseguem por suas atividades subversivas. A trama se desenrola durante o Carnaval, e Marcelo logo percebe que está sendo vigiado por seus vizinhos. O elenco de peso ainda conta com Maria Fernanda Cândido, Gabriel Leone, Isabél Zuaa, entre outros talentos. Além de dirigir, Kleber Mendonça Filho também é responsável pelo roteiro do filme, que está previsto para chegar aos cinemas em 2025.