Amelie Segantini, a adolescente com paralisia cerebral, encontra alegria em sua nova escola inclusiva. Reprodução: Globo
Após anos de exclusão, Amelie Segantini, conhecida como Memê, de 14 anos, encontrou um novo lar educacional na Escola Estadual Prof. Luiz Gonzaga Horta Lisboa, em Campinas (SP). O sonho da adolescente é cursar letras e ela finalmente sente que pertence a um ambiente escolar. “Me sentia isolada”, lembra a estudante, que enfrentou barreiras significativas em sua antiga escola.
Memê, que possui paralisia cerebral, conta que, na antiga escola, a falta de acolhimento a fez querer deixar de frequentar as aulas. Ao chegar na nova escola, encontrou um espaço acessível que promoveu sua inclusão, permitindo que se sentisse parte da comunidade escolar. “Agora posso ser apenas uma estudante”, diz ela.
A mudança de Amelie foi apoiada por uma equipe dedicada de professores e alunos que se prepararam para recebê-la. A professora de matemática, Rodrigo Luís Carnieli, destaca a importância de uma abordagem inclusiva: “Antes da chegada dela, buscamos entender suas necessidades e adaptar nosso ambiente”. Essa empatia ajudou a transformar a escola em um espaço seguro e acolhedor.
A cadeira de rodas motorizada de Amelie é uma ferramenta crucial para sua autonomia, mas ela ainda enfrenta obstáculos invisíveis. A mãe, Keila Costa, relembra os dias difíceis da filha em sua antiga escola, onde a falta de empatia e compreensão de seus colegas a faziam sentir-se isolada. “Ela só precisa ter o acesso adequado para que se desenvolva”, afirma Keila, emocionada pelo apoio que Memê recebe atualmente.
Na escola nova, os alunos prepararam uma recepção calorosa com cartazes e flores, criando um ambiente acolhedor desde o início. Os elementos de acessibilidade são visíveis não apenas na infraestrutura, mas também nas práticas diárias, como a substituição do sinal sonoro por uma música suave, aliviando a tensão nos intervalos. Isso demonstra que a inclusão vai além da parte física - trata-se de um verdadeiro acolhimento emocional.
Apesar das mudanças positivas, Memê se preocupa com o próximo desafio: a transição para o ensino médio. Ela teme que a experiência na nova escola não se repita. “Vou ter que sair daqui, infelizmente”, diz. Porém, a jovem não se deixa abater e continua a lutar pela inclusão, enfatizando que todos devem se esforçar para tornar o mundo mais acessível. "Não façam diferença entre as pessoas. A gente pode fazer muitas coisas, mesmo com desafios".
A Secretaria Municipal de Educação de Campinas ressalta que todos os colégios contam com professores de educação especial para facilitar a inclusão. Através de ações formativas, a equipe busca eliminar barreiras, ressaltando a necessidade de um ambiente acolhedor e inclusivo para todos os alunos. As iniciativas incluem formação contínua de professores e parcerias com famílias para promover uma verdadeira inclusão na educação.
A história de Amelie Segantini é uma fonte de inspiração, mostrando como a inclusão pode transformar vidas. Sua trajetória reforça a importância do acolhimento e da promoção de ambientes educacionais acessíveis que respeitem as individualidades de cada aluno. Com um futuro promissor pela frente, ela também cresceu como escritora, tendo publicado seu livro "O Mundo Colorido da Memê". A jornada de Memê continua, e sua voz resplandece como um exemplo de resiliência e esperança para os jovens com deficiência.