Elevador de cremalheira despenca do 17º andar, resultando em três mortes em SP. Reprodução: Globo
São Paulo enfrenta um alarmante aumento de 14% nos acidentes de trabalho na construção civil até março de 2025, conforme informa a Secretaria de Estado da Saúde. Até agora, foram registrados 377 casos, o que equivale a mais de quatro acidentes diários, em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Infelizmente, a preocupação com a segurança do trabalhador se intensificou após um trágico acidente ocorrido na Zona Oeste da capital paulista. No último dia 19, três operários perderam a vida na queda de um elevador de carga em uma obra de condomínio. O incidente ocorreu na altura do km 18,5 da Rodovia Raposo Tavares, onde será construído o empreendimento Reserva Raposo, que deverá abrigar cerca de 80 mil pessoas.
O Corpo de Bombeiros confirmou que as causas do acidente estão sob investigação, com a perícia técnica da polícia já acionada. A BRZ Construtora, responsável pela obra, ainda não se manifestou sobre o ocorrido. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de São Paulo (Sintracon-SP), Antonio de Sousa Ramalho, destacou a pressão que os trabalhadores enfrentam: "A falta de mão de obra leva as construtoras a acelerar as entregas, resultando em situações perigosas nos canteiros de obra".
De acordo com os dados antes mencionados, o total de acidentes em 2024 foi de 1.390 casos. A crescente estatística reflete a falta de recursos humanos adequados e os prazos apertados impostos pelas empresas. Ramalho ressaltou a sobrecarga enfrentada pelos operários, que, geralmente, já estão com a carga de trabalho intensa para atender a demandas de vendas e financiamentos.
Os três operários que faleceram eram todos nordestinos. Amarildo Alves da Conceição, de 43 anos, era natural do Maranhão; Raimundo Conceição dos Santos, de 25 anos, da Bahia; e João Henrique da Silva Matos, de 20 anos, do Piauí. Uma testemunha que trabalhava na obra, Antonio Ferreira Neto, relatou o momento do acidente: "Eu só escutei o baque. Saí correndo. Na hora que vi a queda, ali, quem estava dentro [do elevador]... era fatal. Poderiam ser 10, 12 pessoas".
A Prefeitura de São Paulo afirmou que a obra possui alvará de aprovação e execução, mas mesmo assim, técnicos da Subprefeitura do Butantã, da Defesa Civil e do Ministério do Trabalho estiveram no local para avaliar a situação. O 75º Distrito Policial (Jardim Arpoador) investiga o caso e exames foram solicitados ao Instituto de Criminalística e ao Instituto Médico Legal.
À medida que o estado de São Paulo lida com este panorama crescente de acidentes, a necessidade de uma abordagem mais rigorosa para a segurança no local de trabalho se torna ainda mais fundamental, a fim de proteger os trabalhadores em um setor crítico para a economia.