Greve dos servidores em Vinhedo afeta 90% dos alunos em 29 escolas.; Reprodução: Globo
Os servidores públicos de Vinhedo, em São Paulo, entraram em greve nesta segunda-feira (19) reivindicando um reajuste salarial de 20%, uma demanda que ultrapassa os 5,4% oferecidos pela prefeitura. A paralisação impactou substancialmente o sistema educacional, resultando na suspensão de aulas para 89,3% dos alunos matriculados em 29 unidades educacionais da cidade.
O Sindicato dos Servidores Públicos do município reforça que a proposta de reajuste de 20% busca a reposição de perdas salariais acumuladas desde a pandemia, uma situação que gerou uma defasagem de mais de 14%. Segundo o presidente do sindicato, Maurício Pixe Sanches, o aumento solicitado não se trata de uma ampliação salarial, mas sim da correção necessária para compensar o atraso na valorização do trabalho dos servidores. "Com os 5,4% previstos para o próximo ano, precisamos chegar aos 20% para repor as perdas", afirma.
A greve não só impactou o acesso à educação, mas também trouxe preocupações para famílias de alunos com necessidades especiais. Como é o caso de Davi, um garoto autista que frequenta a creche Pequeno Polegar. Sua mãe, Suellen Marigo, relatou as dificuldades causadas pela falta de aulas, enfatizando a importância da rotina escolar para o desenvolvimento das crianças com necessidades especiais. "É como um tratamento, sem a escola, ele sai do sistema dele", destaca Suellen.
Outro relato vem de Renata Prado, mãe de Nathan, que também sentiu os efeitos negativos da greve na rotina do filho. "Educacionalmente, mudou tudo. Nós amanhecemos com um dia não legal para ele", disse. O autônomo Alex Sandro de Araújo Cintra também expressou seu descontentamento, ressaltando que a paralisação afeta o suporte que sua filha, Maria Alice, de 5 anos, recebe na creche, afirmando que isso pode prejudicar o desenvolvimento dela.
Em relação à presença de alunos nas escolas, a prefeitura informou que apenas 10,7% dos estudantes estiveram presentes, com 34% dos professores e 43% dos funcionários de apoio também paralisados. A cidade abriga um total de 36 unidades de ensino, incluindo 21 Centros de Educação Infantil e 15 escolas municipais de diversas séries.
A administração da cidade responde à crise afirmando que a proposta dos servidores seria "financeiramente inviável" e destoaria da realidade orçamentária do município. Em nota, informaram que na manhã de segunda-feira, representantes da administração encontraram-se com um grupo de servidores independentes que apoiaram a proposta apresentada como viável e ajustada à atual situação financeira.
A Secretaria de Educação, enquanto isso, posicionou-se sobre a abertura das escolas, ressaltando a disposição das equipes gestoras para acolher os alunos, embora a greve tenha dificultado o atendimento em algumas delas. De acordo com o comunicado, os pais foram orientados a levar suas crianças para casa quando a ausência de servidores prejudicasse o atendimento.
Além da educação, a greve também afetou os serviços de saúde no município, com 29 funcionários ausentes, resultando no reagendamento de consultas e exames. O fechamento de uma sala de vacinação foi outro reflexo das dificuldades geradas pela paralisação.