Brasil enfrenta surto de gripe aviária com novos casos surgindo em diferentes estados. Reprodução: Globo
O Brasil, que detém 39% do mercado global de exportação de carne de frango, está enfrentando embargos em mais de 20 países devido à confirmação de casos de gripe aviária em Montenegro, RS. Especialistas acreditam que, devido à força de negociação do país, a suspensão das importações poderá ser limitada a áreas específicas, como já ocorreu com o Japão e as Filipinas.
No cenário atual, desde a detecção de um foco da doença, surgiram sete novos casos suspeitos, com alguns em granjas comerciais. As autoridades trabalham para conter o avanço da gripe aviária e garantir que a confiança no frango brasileiro se mantenha, fundamentais para reduzir os impactos das restrições.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, enfatizou que o foco de gripe aviária em Montenegro resultou no sacrifício de aproximadamente 17 mil aves. No entanto, ao restringir as suspensões às áreas afetadas, espera-se que os impactos nas exportações sejam minimizados. Embora muitos países ainda estejam avaliando suas posições, a expectativa de recuperação do mercado permanece positiva.
Marcos Jank, professor sênior de agronegócio global no Insper, destacou a importância do zoneamento, onde os embargos podem se restringir a uma área de 10 km ao redor do foco da doença. Essa técnica de compartimentalização tem sido discutida como uma possível estratégia para lidar com os embargos impostos por diversos países.
As tarifas comerciais impuestas pelos EUA também influenciam o cenário, especialmente à luz das sanções à carne de frango brasileira. A China, que taxa os produtos americanos, pode adotar uma postura mais flexível em relação ao Brasil, já que uma interrupção completa das importações afetaria seus preços internos.
Até o momento, países como a China, União Europeia e Canadá suspenderam totalmente as importações do frango brasileiro. Outros, como o Japão e os Emirados Árabes Unidos, impuseram restrições apenas às áreas diretamente afetadas pela gripe aviária. Assim, as autoridades brasileiras continuam a monitorar novos casos suspeitos e trabalham para sanar a doença antes que novas suspensões ocorram.
Para o setor, a previsão é de redirecionar exportações para mercados ainda abertos. Com a adaptação do país aos desafios impostos pela gripe aviária, a ABPA prevê que os impactos econômicos no mercado interno podem ser limitados, com a possibilidade de armazenar os produtos até que a situação se normalize.