O Sindpol se encontra em meio a uma crise de identidade. De um lado, seus representantes se descrevem como bravos guerreiros, prontos para enfrentar um Estado opressor. Do outro, eles se retratam como vítimas sensíveis, que apelam a sindicatos de fora e parlamentares, criando narrativas dramáticas nas redes sociais. Recentemente, a imagem de policiais civis armados bloqueando o prédio da Procuradoria Geral do Estado contrasta com os relatos de desamparo e vulnerabilidade compartilhados no Instagram, onde se apresentavam como servidores que buscavam uma conversa "pacífica" com a procuradora-geral.
A manifestação ocorrida na quarta-feira, 14, foi considerada por muitos como um ato de coação, e não um protesto legítimo. O Supremo Tribunal Federal (STF) declarou a greve como ilegal, ressaltando que servidores de segurança pública, incluindo a Polícia Civil, não podem cruzar os braços ou desafiar o Estado. O STF estabeleceu um entendimento claro no Tema 541 da repercussão geral, estabelecendo restrições para esses profissionais.
O que o Sindpol denominou de "mobilização pacífica" foi, na realidade, um cerco ao órgão essencial da segurança pública, caracterizando-se como pressão armada. O Conselho Estadual de Segurança Pública de Alagoas adotou medidas firmes, afastando nove policiais civis e suspendendo seu porte de arma, enquanto os realocou em funções administrativas sob controle rigoroso. Além disso, foi instaurado um processo disciplinar e um inquérito por coação, conforme previsto no artigo 344 do Código Penal.
Em resposta, o sindicato buscou se posicionar como vítima, acusando o governo de agir de forma autoritária. Contudo, essa acusação não encontrou respaldo entre a população, já que as medidas tomadas eram fundamentadas na jurisprudência do STF e na legislação estadual. A pauta salarial, demandas em torno da carga horária e reivindicações por pagamento retroativo geraram um clima de tensão.
Ao mesmo tempo, parlamentares em busca de capital político aproveitaram a crise para se promover. A greve armada se transformou em uma arma para o populismo nas redes sociais, em busca de apoio popular.
A democracia permite o diálogo e a divergência, mas é crucial que as negociações ocorram sem intimidar. Forçar o governo a negociar com revólver à cintura não é apenas inaceitável; é um sinal de ruptura. E, na esfera da ordem pública, as consequências não se resolvem com curtidas nas redes sociais, mas sim através da aplicação da lei.