Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, preso na Bolívia, é transferido para a Penitenciária Federal em Brasília. Reprodução: Globo
Marcos Roberto de Almeida, conhecido como Tuta, foi transferido para a Penitenciária Federal em Brasília no último domingo (18). O criminoso, que é apontado como o novo líder da facção Primeiro Comando da Capital (PCC), foi capturado na Bolívia, onde estava foragido há cinco anos, e entregue à Polícia Federal em Corumbá, Mato Grosso do Sul, que faz fronteira com o país vizinho.
A prisão de Tuta ocorreu na sexta-feira (16), quando ele tentava renovar um documento com nome falso em um centro comercial em Santa Cruz de la Sierra. A polícia boliviana, em ação conjunta com a Fuerza Especial de Lucha contra el Crimen (FELCC), identificou-o e teve que acionar a PF, uma vez que ele constava na Lista de Difusão Vermelha da Interpol desde 2020.
Tuta é conhecido por ser um dos principais chefes do PCC e já foi condenado a 12 anos de prisão no Brasil pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e tráfico de drogas. A sua transferência para o Brasil foi coordenada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, envolvendo 50 policiais federais, incluindo o Comando de Operações Táticas (COT). A operação utilizou uma aeronave da PF para garantir a segurança durante o transporte.
O criminoso foi escoltado até a Penitenciária Federal em Brasília por 18 policiais penais e teve apoio das polícias Militar e Civil do Distrito Federal. Antes da transferência para Brasília, cogitou-se a possibilidade de que ele fosse levado para a Penitenciária II de Presidente Venceslau, SPA, conhecida por abrigar integrantes de alto escalão do PCC, incluindo o próprio Marcola, antecessor de Tuta no comando da facção.
No Brasil, Tuta tem outras duas prisões decretadas pelo Ministério Público de São Paulo relacionadas a investigações em que foi um dos principais alvos. Ele se tornou conhecido por ter assumido o comando do PCC após a transferência de Marcola para um presídio federal, em 2019. De acordo com o promotor Lincoln Gakiya, Tuta foi escolhido por Marcola como seu sucessor.
A nova estrutura do PCC identificada em 2020 apontou Tuta como um dos principais integrantes da cúpula da facção, também chamado de Sintonia Final da Rua, e operadores financeiros da organização. A Operação Sharks, que ocorreu em fevereiro de 2020, teve como objetivo desmantelar essa nova junta do PCC e, apesar de apenas três prisões realizadas na ocasião, levou à apreensão de armas, explosivos e uma quantia significativa de dinheiro.
A preferência pela prisão em Brasília é uma estratégia destinada a manter a ordem da facção mais próxima do núcleo de poder, agora que as operações do PCC se dão nas ruas e não mais centralizadas apenas nas correntes do presídio, conforme destacado pelo promotor Gakiya. Com a remoção de Marcola do comando, as atividades da facção tornaram-se ainda mais inquietantes e abrangentes em termos de alcance e organização.