Uma trágica morte de um jovem na Zona Sul de São Paulo gerou comoção e protestos entre os moradores da região. Natanael Venancio Almeida, de apenas 19 anos, foi baleado por policiais militares durante uma abordagem, após ter fugido ao perceber que estava sem capacete.
A fatalidade ocorreu na noite do último domingo (19). Natanael, conforme relataram familiares, tinha saído para comprar remédio para sua mãe. Ao retornar, ele se assustou com a abordagem policial na Rua Alexandre Benois e decidiu fugir. Testemunhas indicam que o jovem foi perseguido até sua residência, onde foi atingido por disparos feitos por um policial, segundo sua mãe, Maria Betânia Venancio. Ela presenciou o momento em que Natanael foi alvejado e afirmou: "Ele caiu dentro de casa. Eles entraram e atiraram na minha frente".
De acordo com o boletim de ocorrência, os policiais alegam que Natanael estava armado e houve confronto. No entanto, uma testemunha anônima contradisse esta afirmação, afirmando que a arma foi colocada no local por um agente. Além disso, vídeos circulando na internet mostram momentos pós-fatalidade em que um homem entrega uma arma a um policial, levantando suspeitas sobre a veracidade das alegações da polícia.
A situação se torna ainda mais complexa quando se considera que o agente que efetuou os disparos não estava utilizando câmera corporal, apesar da Polícia Militar declarar que possui imagens do ocorrido. A Corregedoria da PM já iniciou investigações e o caso será acompanhado de perto pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
A família de Natanael declarou que ele não possuía antecedentes criminais e que buscava apenas fazer o bem ao ajudar sua mãe. A atitude deles ao fugir era motivada pelo medo de represálias por parte das autoridades devido a sua situação sem capacete e habilitação.
Após a morte do jovem, houve um protesto na localidade, onde alguns moradores queimaram um carro em sinal de revolta. Essa manifestação se deu uma semana após a morte de outro jovem de 19 anos pela polícia nas proximidades. A ação de protesto demonstrou a insatisfação da comunidade em relação às abordagens da polícia, especialmente em áreas sensíveis como a favela de Paraisópolis.
A Secretaria da Segurança Pública de SP informou que as circunstâncias do caso estão sendo investigadas e reafirmou que qualquer desvio de conduta será punido. Laudos periciais foram requisitados e as armas envolvidas na abordagem foram apreendidas para análise.
O caso levanta questões sérias sobre a utilização de força policial e os procedimentos em abordagens, sendo essencial o acompanhamento dos desdobramentos que podem afetar a confiança da população nas autoridades de segurança.