Com um investimento de R$ 25 milhões, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) está prestes a dar um salto significativo na precisão das previsões meteorológicas com a chegada de um novo supercomputador. O equipamento, que desembarcou nos Estados Unidos no dia 20 de maio, está prestes a iniciar suas operações em junho deste ano, reconstruindo o cenário de previsões do tempo no Brasil.
Situado no aeroporto de São José dos Campos, o supercomputador agora aguarda a finalização da documentação alfandegária, necessária para sua liberação. Assim que autorizado, ele será transportado para o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec) em Cachoeira Paulista, SP, onde será instalado. A operação do sistema será gradual, devido à complexidade envolvida.
Este novo equipamento, adquirido pela empresa HPE-Cray por meio de licitação em 2024, irá revolucionar a maneira como o Inpe realiza previsões numéricas relacionadas ao tempo, clima e eventos ambientais. A expectativa é que este supercomputador amplie a capacidade de processamento de dados do instituto, permitindo o aprimoramento dos modelos numéricos utilizados nas previsões, detalhando simulações ambientais e intensificando o monitoramento de fenômenos extremos, como secas e tempestades.
As enchentes devastadoras no Rio Grande do Sul no ano passado, que resultaram em mais de 180 fatalidades, poderiam ter tido seus impactos reduzidos se o novo supercomputador já estivesse em operação. De acordo com o coordenador-geral do Inpe, Gilvan Sampaio, essa tecnologia avançada permite previsões mais específicas: "Enquanto há um ano já sabíamos sobre o alto volume de chuva 15 dias antes, não havia a precisão dos locais e a duração exata. Com este novo supercomputador, será possível indicar não só a quantidade de chuva, mas também os locais com maiores acomodações de forma muito mais precisa".
Em março passado, o Inpe iniciou o desmonte do supercomputador Tupã, que esteve ativo desde 2010 e, segundo a instituição, já não atendia mais às demandas. Embora tenha recebido uma atualização em 2017, viabilizando um tempo adicional para o trabalho do Inpe, o Tupã requer cerca de 23 horas para realizar previsões de tempo em três meses, em contraste com o novo modelo que promete tempo de processamento reduzido para até duas horas. Gilvan Sampaio realça que isso vai melhorar significativamente as previsões para áreas metropolitanas, permitindo uma visão mais minuciosa do clima em bairros e ruas específicas. Além disso, o impacto do novo supercomputador se refletirá também nos trabalhos do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e na Defesa Civil, além de beneficiar os setores de energia e agricultura.