Audiência em Altinópolis escuta produtores vítimas de apropriação indébita de sacas de café. Reprodução: Globo
A Justiça iniciou, nesta quinta-feira (22), o julgamento de Marina Célia Lopes da Cruz Oliveira e Guilherme Osório de Oliveira, acusados de apropriação indébita qualificada. O casal é suspeito de ter sumido com 20 mil sacas de café, avaliadas em aproximadamente R$ 63 milhões, em Altinópolis, São Paulo.
Os réus foram presos em janeiro deste ano, mas tiveram a prisão preventiva revogada em abril. A apropriação indébita qualificada ocorre quando alguém se apropria de bens de terceiros para obter vantagem econômica.”
As vítimas do caso, incluindo produtores rurais, compareceram à audiência no Fórum de Altinópolis. O produtor Osmar Cardoso da Silva, por exemplo, relatou um prejuízo de R$ 1,6 milhão devido ao desaparecimento de 675 sacas que estavam sob a responsabilidade do casal. Ele expressou sua frustração dizendo: "É uma sensação de perda mesmo, porque são muitos anos de trabalho".
Outro caso é o de Patrícia Crivelenti, que estima um prejuízo de R$ 18 milhões. A produtora afirma que visitou o casal um dia antes de eles fugirem e, ao notar a inquietação deles, começou a suspeitar da matemática por trás das operações. "Nós estivemos no dia 10 de janeiro... o estoque que eles falavam não existia", revelou Patrícia.
Este caso está sendo tratado em segredo de Justiça. A sentença deve ser proferida em breve, devido à extensa lista de pessoas a serem ouvidas, incluindo os próprios réus e várias testemunhas. Em janeiro, 55 produtores rurais formalizaram denúncias contra Marina e Guilherme.
Os produtores armazenavam sua colheita nos galpões do casal visando futuras vendas. Após as reclamações de desaparecimento da mercadoria, a polícia fez buscas e encontrou os depósitos vazios, levantando suspeitas de que os grãos teriam sido vendidos no exterior. A Justiça bloqueou pelo menos 22 bens do casal, que, atuando no ramo há dez anos, tinha uma relação de confiança com os produtores.
Após serem considerados foragidos, Marina e Guilherme foram localizados em Caraguatatuba no final de janeiro e permaneceram presos até abril. Atualmente, estão em liberdade, mas sob medidas cautelares determinadas pela Justiça.