Irmãos são presos após corpo do pai ser encontrado em decomposição na Ilha do Governador. Reprodução: Globo.
Um caso chocante veio à tona na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio de Janeiro, onde Dário Antonio Raffaele D’Ottavio, um idoso de 88 anos, foi encontrado morto dentro de sua própria casa, em avançado estado de decomposição. As circunstâncias da morte levantam questões perturbadoras, especialmente com a prisão de seus filhos, que agora são suspeitos pela polícia.
No dia 21 de maio, a polícia foi acionada e, ao adentrarem a residência, encontraram o corpo do aposentado, que estimam estar morto há pelo menos seis meses. Os filhos de Dário, Tânia Conceição Marchese D’Ottavio e Marcelo Marchese D’Ottavio, foram detidos pela reação violenta à entrada dos agentes. Marcelo, inclusive, teria brigado com a polícia e gritado confessando "Eu matei meu pai". Ambos os suspeitos estão internados em hospitais psiquiátricos, sob custódia.
A equipe policial ainda não determinou a data exata nem a causa da morte de Dário, mas a expectativa é que uma perícia ajude a esclarecer os fatos. A situação levanta preocupações sobre o bem-estar do idoso, que não era visto por vizinhos desde novembro de 2023.
Dário era conhecido na comunidade como um homem gentil e educado, que desfrutava de uma condição financeira estável. Os relatos dos vizinhos revelam que havia frequentemente discussões entre ele e seus filhos, com relatos de um incidente específico em que Marcelo exigiu que o pai lhe entregasse seu cartão bancário.
Segundo vizinhos, uma mulher do bairro acenou anteriormente à polícia para que verificasse a situação de Dário, mas a entrada foi barrada pelos filhos. Informações coletadas pela polícia indicam que os filhos podem ter mantido o corpo do pai em casa por meses a fim de continuar recebendo seus benefícios de aposentadoria. Dário tinha dois benefícios ativos do INSS que juntos somavam mais de R$ 5 mil, reforçando a suspeita de motivos financeiros para o crime.
A inércia diante do pedido de socorro dos vizinhos se torna evidente, uma vez que Marcelo teria interceptado esforços de outros para entrar na casa. Durante um incidente em novembro de 2023, quando um cano estourou, ele teria informado a um vizinho: "na sua casa ninguém entraria". Tal atitude levanta questões sobre a proteção do idoso e a vigilância da comunidade.
Os filhos de Dário estão respondendo por ocultação de cadáver, resistência à prisão e lesão corporal. A polícia ainda investiga se Dário foi vítima de homicídio. Uma audiência de custódia foi agendada para definir se eles continuarão sob custódia ou poderão responder ao processo em liberdade. O próximo julgamento deverá ocorrer na terça-feira, 27 de maio.
O caso de Dário D’Ottavio expõe não apenas a tragédia da violência familiar, mas também a falha da rede de proteção para idosos e os mecanismos de vigilância comunitária. À medida que os investigadores realizam a perícia da cena do crime, a expectativa é que novos detalhes venham à luz, dando mais clareza sobre as circunstâncias da morte e o envolvimento dos filhos. Com a promoção de uma audiência e as investigações em andamento, a comunidade aguarda ansiosamente por respostas neste caso perturbador.