Um estudo recente revelou a alarmante realidade de filhotes de aves que estão consumindo quantidades excessivas de plástico, culminando em um caso chocante encontrado na Ilha Lord Howe, na Austrália. Um filhote de ave foi encontrado com 778 peças de plástico em seu estômago, quebrando um recorde de 15 anos de ingestão de plásticos por aves. A descoberta foi feita por cientistas do grupo de pesquisa Adrift Lab, que expressaram sua indignação e preocupação com a situação das aves devido à crescente poluição plástica nos oceanos.
A situação é tão grave que, ao pressionar suavemente o estômago dos filhotes, os pesquisadores ouviram barulhos de "crocância" sempre que os plásticos se moviam. "Literalmente chamamos de 'pássaros crocantes', pois o que mais poderíamos chamar?", disseram os cientistas. A descoberta do filhote cuja morte ocorreu entre os 80 e 90 dias de vida levanta questões sobre o comportamento alimentar das aves parentais, que podem estar confundindo plástico com alimentos e, assim, alimentando seus filhotes com isso.
Este ano, os pesquisadores da Adrift Lab não puderam evitar se sentir sobrecarregados diante da situação. Jennifer Lavers, bióloga marinha da equipe, destacou que o fenômeno é cada vez mais desolador. Nos anos anteriores, a equipe já havia documentado um aumento contínuo nos casos e na quantidade de plástico ingerido por estas aves, mas o que encontraram este ano foi devastador. O recorde anterior de plástico encontrado em um único pássaro era de cerca de 400 peças.
As consequências da ingestão de plásticos são devastadoras para a saúde das aves. Durante as autópsias, o grupo encontrou cicatrizações nos rins e corações dos pássaros, além de danos cerebrais semelhantes à demência em filhotes de pardelas. "Esses plásticos não matam o animal instantaneamente, mas reduzem sua expectativa de vida, causando muita dor e sofrimento", explicou Lavers à CNN.
Os impactos ambientais vão além da saúde dos pássaros. A diminuição constante da massa corporal e envergadura das aves a cada ano é um sinal claro das consequências da poluição. Peter Whish-Wilson, senador australiano, fez uma visita à Ilha Lord Howe e expressou seu desejo de que os tomadores de decisão em todo o mundo pudessem experimentar a gravidade do problema. Ele enfatizou que "não estamos ganhando a guerra contra o desperdício".
Os cientistas frequentemente tratam as aves marinhas como indicadores da saúde do ecossistema oceânico. Esses sentinelas estão nos enviando um aviso sério sobre os perigos da poluição plástica, que afeta não apenas a vida selvagem, mas também a saúde dos nossos mares e, consequentemente, a própria sobrevivência do planeta.