Tais Muchinsky Chicanoski, aos 30 anos, surpreendeu-se ao perceber uma mancha preta em sua visão, descoberta que a levaria a um diagnóstico de neurite óptica pós-viral, uma condição que pode resultar em cegueira. A paranaense de Palmeira, nos Campos Gerais do Paraná, relata que a doença se manifestou após um quadro viral com sintomas semelhantes aos da Covid-19.
Após acordar com a mancha e ignorar inicialmente a situação ao pensar que se tratava de um mero cisco, Tais notou que a dificuldade de enxergar persistia e até piorava. "Trabalhar diante do computador tornou-se impossível", descreve. Em busca de ajuda, ela passou por vários especialistas antes de receber o diagnóstico correto, que confirmou a inflamação nos nervos ópticos, condição insignificante aos olhos de muitos.
O diagnóstico inicial foi de toxoplasmose ocular, baseado em um exame rápido feito por um oftalmologista que não realizou investigação mais detalhada. Tais optou por procurar uma clínica especializada em Curitiba, onde exames mais completos revelaram que a situação era mais grave do que se imaginava, necessitando a consulta com neurologistas e cardiologistas para descartar doenças mais sérias, como AVC e esclerose múltipla.
O médico oftalmologista João Guilherme Oliveira de Moraes, da clínica onde Tais recebe tratamento, explica que a neurite óptica é uma enfermidade rara, com uma incidência que varia de um a cinco casos a cada 100 mil pessoas. A condição é mais comum em indivíduos mais velhos e, frequentemente, é associada à esclerose múltipla. Além de manchas na visão, a doença provoca embaçamentos e alterações na movimentação ocular.
A neurite óptica resulta da inflamação do nervo óptico, uma estrutura responsável por enviar as informações visuais do olho ao cérebro. Como consequência, pode causar perda de visão. A principal causa identificada para esta enfermidade, segundo a Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), é a esclerose múltipla, embora também esteja relacionada a doenças autoimunes e infecções virais.
Tais não chegou a testar qual vírus estava causando sua condição, mas acredita que foi infectada pela Covid-19, já que não era vacinada na época. O tratamento envolveu o uso de corticoides durante aproximadamente um mês, embora o médico tenha alertado para a necessidade de investigar outras doenças subjacentes.
Durante o desenrolar dos sintomas, Tais também sofreu com dores articulares severas, dor intensa atrás dos olhos, enxaquecas insuportáveis com febres inexplicáveis. Sua experiência na busca por um diagnóstico correto é um aviso sobre a importância de não ignorar sinais de alerta do corpo. "Minha história é um alerta: quando seu corpo grita, não ignore. Insista, investigue, procure outras opiniões", desabafa Tais, que ainda luta para retornar à sua rotina normal, após ser forçada a se afastar do trabalho como social media devido à sua condição ocular. Atualmente, ela ainda acompanha a evolução de sua visão e mantém consulta com especialistas.