Os Correios enfrentam crise financeira, registrando prejuízo recorde de R$ 1,72 bilhão no primeiro trimestre. Reprodução: Globo
Os Correios apresentam um cenário preocupante ao registrarem um prejuízo de R$ 1,72 bilhão no primeiro trimestre de 2023, mais que o dobro das perdas do mesmo período do ano passado, que foram de R$ 801 milhões. A estatal enfrenta desafios significativos como a forte concorrência no mercado de entregas, atrasos nos pagamentos a fornecedores e falta de insumos, o que colocou a situação da empresa em um centro de tensões no governo.
A situação financeira dos Correios tem refletido em sua operação diária. Funcionários e terceirizados relataram atrasos nos pagamentos de fornecedores e problemas na manutenção das agências, além da escassez de materiais essenciais para as atividades. A empresa, por sua vez, tenta adotar medidas para equilibrar suas finanças e assegurar a qualidade dos serviços prestados, alegando que a continuidade operacional está garantida para 2025.
Recentemente, o Tribunal de Contas da União (TCU) questionou a contabilidade da estatal, apontando que a empresa pode ter utilizado mecanismos irregulares, reduzindo artificialmente o montante de prejuízos. Um relatório confidencial do TCU sugere a necessidade de revisão das contas, o que pode aumentar ainda mais a gravidade do quadro financeiro da empresa.
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) tomou medidas para suspender voos dos Correios devido a questões relacionadas ao transporte de produtos perigosos. A estatal informou que avaliações estão sendo realizadas para resolver essas questões, destacando que a gestão atual herda problemas de administrações anteriores.
Apesar dos resultados negativos, a gestão dos Correios tem sido criticada pelo aumento dos gastos administrativos em meio à crise. Esta situação gera descontentamento entre os trabalhadores, que relatam a falta de recursos necessários para a operação das agências, refletindo uma gestão desafiadora em um cenário financeiro já complicado.
Os Correios têm enfrentado um plano de reestruturação que contempla o fechamento de agências e unidades em áreas com sobreposição de serviços. Além disso, o atraso em contribuições ao fundo de previdência dos funcionários gerou preocupação e protestos, destacando a incerteza sobre o futuro da empresa e a continuidade dos serviços em diversas localidades.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Sintect-SP) comentou a situação, ressaltando que as reclamações sobre a falta de material nas agências são frequentes. As medidas implementadas buscam mitigar essas dificuldades, mas ainda são vistas com ceticismo pelos funcionários.
A crise enfrentada pelos Correios revela a fragilidade da estatal diante de um mercado competitivo e das exigências econômicas atuais. Especialistas apelam para uma abordagem mais sustentável e responsável na gestão pública das empresas estatais, a fim de garantir a sua viabilidade no futuro.