Os esquemas de agiotagem em Franca, São Paulo, ganharam atenção significativa nos últimos meses, especialmente desde 2023, em meio a uma crescente onda de violência relacionada. A combinação de operações policiais coordenadas e a criação de uma força-tarefa envolvendo o Ministério Público, a Polícia Civil e a Polícia Militar, reflete a urgência do problema que a cidade enfrenta.
As investigações começaram a intensificar em novembro de 2023, quando o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) efetuou prisões de duas quadrilhas que juntos movimentaram R$ 55 milhões. As operações revelaram que um dos detidos era um ex-policial civil, o que evidencia a complexidade e a abrangência do crime. A escalada da violência foi acentuada por um assassinato brutal de um agiota de 20 anos em abril de 2025, que segundo o pai, ocorreu durante uma ação de cobrança de dívida. Recentemente, novas prisões ligadas a um esquema anterior foram realizadas, com a suspeita de movimentação de mais R$ 31 milhões.
O promotor do Gaeco, Rafael Piola, comentou sobre o aumento da atuação das equipes de segurança, destacando que "temos visto um aumento de crimes violentos decorrentes desta atividade", enfatizando a necessidade de um combate rigoroso a esse tipo de criminalidade que ameaça a ordem pública em Franca.
Cronologia dos Crimes em Franca
Em 22 de novembro de 2023, a operação Maré Alta culminou na prisão de dez suspeitos envolvidos em práticas de agiotagem e lavagem de dinheiro, cujo total movimentado era de aproximadamente R$ 19 milhões. O grupo agia com taxas de juros extremamente elevadas, utilizando violência e ameaças contra os devedores.
Um dia após a operação Maré Alta, outra ação, a Operação Castelo de Areia, resultou na prisão de seis indivíduos, que também eram responsáveis pela movimentação de R$ 36 milhões ao longo de três anos, mantendo um controle rigoroso sobre seus clientes e praticando juros abismais.
No final de janeiro de 2024, Rogério Requel, um ex-policial civil, foi detido por receber cerca de R$ 340 mil provenientes do esquema criminoso. O caso se agrava com o assassinato de Itamar da Silva Cardoso, de 20 anos, em abril de 2025, cujos assassinos inclusive levaram R$ 12 mil e outros pertences da vítima, que supostamente cobrava dívidas de amigos. A situação gerou uma onda de apreensões, incluindo dois adolescentes acusados de envolvimento e a prisão de um homem de 25 anos ligado ao caso.
Em junho de 2025, o Gaeco e a Polícia Militar lançaram a segunda fase da Operação Castelo de Areia, resultando na detenção de 16 suspeitos e na apreensão de R$ 150 mil em espécie provenientes de operações ilícitas. O Gaeco revelou que, apesar das prisões anteriores, a quadrilha continuava operando, demonstrando uma audácia alarmante e desinteresse por repressão policial.
Consequências Legais e Condenações
Em dezembro de 2024, a Justiça condenou os sete indivíduos presos na primeira fase da Operação Castelo de Areia, resultando em penas que variaram de 20 anos e 2 meses a 8 meses de reclusão, com acusações que incluem lavagem de dinheiro, organização criminosa e usura. O juiz Orlando Brossi Júnior, responsável pelo caso, enfatizou o claro envolvimento da quadrilha em práticas criminosas.