O esqueleto do icônico chimpanzé Macaco Tião, que faleceu há 29 anos, permanece preservado no Centro de Primatologia do Rio (CPRJ), localizado em Guapimirim. Tião ganhou notoriedade ao receber quase 400 mil votos nas eleições municipais do Rio de Janeiro, em 1988, como parte de uma brincadeira da revista humorística Casseta Popular, garantindo uma menção no Guinness World Records como o chimpanzé mais votado do mundo.
Desde sua fundação em 1979, o CPRJ se consolidou como um espaço essencial para o estudo e proteção de primatas, abrigando aproximadamente 400 animais de 30 espécies. O centro desempenha um papel fundamental na conservação dessas espécies, especialmente após a epidemia de febre amarela que afetou severamente a fauna da Mata Atlântica entre 2017 e 2019. Em torno de 30% dos micos-leões-dourados foram perdidos durante essa crise, e o CPRJ tem promovido vacinas em primatas em seu habitat natural para mitigar os efeitos desse surto devastador.
O médico veterinário Alcides Pissinatti, chefe do CPRJ, revelou que o corpo de Tião foi preservado após sua morte em 1996, quando seu descarte era uma possibilidade. "Eu fiz questão de trazê-lo. Está com a gente até hoje", afirma Pissinatti, que tem mais de 50 anos de dedicação ao estudo dos primatas. O CPRJ ocupa uma vasta área de quase 270 hectares dentro do Parque Estadual dos Três Picos sob a administração do Instituto Estadual do Ambiente (Inea). Nesse ambiente rico em biodiversidade, o centro se destaca como uma referência internacional na proteção da fauna.
Tião, nomeado em homenagem a São Sebastião, o padroeiro do Rio, era famoso por suas travessuras e comportamento provocador, incluindo a famosa prática de atirar restos de comida e até fezes em visitantes ilustres do zoológico. O chimpanzé encantou crianças e adultos e se tornou um símbolo cultural carioca, particularmente quando se tornou o "candidato a prefeito" na brincadeira da revista de humor. O que começou como uma piada se transformou em um voto massivo de protesto, com cerca de 400 mil cédulas de votos registrando seu nome nas eleições, onde, se tivesse sido um candidato real, poderia ter ficado em terceira posição.
Macaco Tião faleceu em 23 de dezembro de 1996, aos 33 anos, devido a complicações de diabetes, e sua morte foi tanta tristeza que o município decretou luto de três dias, com bandeiras da Fundação RioZoo hasteadas a meio mastro. Sua história, agora preservada no CPRJ, continua a inspirar ações de conservação e o respeito pela vida selvagem, apontando a importância da interação entre cultura e ciência na preservação de espécies ameaçadas.