O Botafogo, que se prepara para a histórica Copa do Mundo de Clubes, enfrenta sérios desafios financeiros, evidenciados por atrasos em pagamentos e a falta de transparência nas suas contas. A Sociedade Anônima do Futebol (SAF), liderada por John Textor, está com o balanço da temporada anterior atrasado em um mês e meio, deixando torcedores e analistas preocupados. De acordo com Rodrigo Capelo, colunista do GLOBO, a ausência dessa informação financeira importante impede uma análise precisa da situação econômica do clube.
"Sem o balanço, não sabemos quanto dinheiro a SAF tinha em caixa na virada do ano, os custos e quanto era o EBITDA. A dificuldade é não termos transparência das contas do Botafogo", comenta Capelo. Com a expectativa de ganhos significativos pela disputa do Mundial, o time alvinegro está fazendo investimentos que podem alcançar R$ 145 milhões entre reforços e bônus, aumentando ainda mais as expectativas em torno da equipe.
Enquanto isso, o Botafogo enfrenta reclamações de clubes internacionais. O Atlanta United, da MLS, processou o clube brasileiro na FIFA devido à falta de pagamento de US$ 21 milhões pela contratação de Thiago Almada. Após o atraso na segunda parcela, a FIFA ordenou que os pagamentos fossem feitos em 45 dias, levando o Botafogo a recorrer.
Além disso, o clube britânico Burnley apresentou um documento à CBF reclamando uma dívida de 7,5 milhões de euros (cerca de R$ 47,9 milhões) pela aquisição do lateral-direito Vitinho. A administração do Botafogo alega que está em negociação e tem confiança na resolução amigável do caso.
Por outro lado, as finanças do clube social mostram um panorama um pouco mais otimista, resultando na redução de R$ 40 milhões na dívida, que está sendo quitada pela SAF. Porém, os juros sobre esses passivos podem dificultar ainda mais a situação financeira do Botafogo.
Ainda assim, alguns especialistas acreditam que essas adversidades não afetarão a credibilidade do Botafogo no mercado. Capelo afirma que, apesar de suas dificuldades financeiras, os clubes sempre encontram uma maneira de continuar as negociações. Com um histórico de investimentos e pretensões mais ambiciosas, o Botafogo está buscando perfis internacionais, o que traz à tona a necessidade de diálogo com a FIFA para evitar punições como o transfer ban, que foi aplicado, mas durou apenas um dia no último caso com o Guaraní-PAR, devido à regularização da dívida.
Essas questões financeiras, embora relevantes, não devem ofuscar a jornada do Botafogo no Mundial, que oferecerá uma visibilidade importante em nível global e pode trazer novos recursos para a empresa no futuro.