China se mostra otimista para superar os desafios econômicos globais, segundo Justin Yifu Lin, um renomado economista e ex-conselheiro do governo chinês. Em entrevista ao GLOBO, Lin argumenta que, apesar das tensões comerciais com os Estados Unidos, a China está bem posicionada para manter seu crescimento econômico, impulsionado pela quarta revolução industrial.
Lin, que tem uma história inspiradora como um ex-capitão do exército taiwanês que nadou para a China continental em 1979, acredita que seu país sairá vitorioso caso os EUA insistam em produzir tudo localmente. Com 72 anos, ele é um dos economistas mais proeminentes da China, já tendo atuado como chefe economista do Banco Mundial de 2008 a 2012 e atualmente lidera o Instituto de Nova Economia Estrutural, uma disciplina que ele criou.
Em um ambiente de percepções conflitantes sobre a economia chinesa, Lin ressalta a resiliência do país e a necessidade de investir em inovação e novos setores de alto valor agregado. Ele afirma, "desde 2008, a China tem contribuído com cerca de 30% do crescimento econômico global". Apesar de a meta de crescimento oficial para o país ser de 5% do PIB este ano, Lin considera-a totalmente alcançável, destacando que a China possui um imenso potencial para avanços tecnológicos e desenvolvimento industrial.
Lin enfatiza quatro vantagens competitivas de sua nação que poderão impulsionar o crescimento do PIB per capita, estimado em 8% nas próximas décadas. Isso inclui o vasto capital humano da China, com 7 milhões de estudantes formados anualmente em ciências e engenharia, um mercado interno robusto, a cadeia de suprimentos mais completa do mundo e uma política industrial ativa do governo que apoio a inovação.
Ele também discute a desinformação que cerca a situação econômica da China, ressaltando que muitos analistas estrangeiros e cidadãos chineses têm uma visão pessimista devido aos desafios atuais. Lin acredita que a recuperação da confiança será fundamental e que medidas temporárias devem ser adotadas para apoiar setores que sofrem devido à queda nas exportações.
No entanto, Lin não vê a guerra comercial com os EUA como um desafio permanente, afirmando que a China está em uma posição forte para negociar. Ele alerta que uma possível "desconexão" entre as economias americanos e chinesas poderia ser prejudicial para ambos os lados, e conclui que, se os EUA optarem por uma produção interna intensificada, isso poderá tornar o comércio menos eficiente e caro.
Ainda sobre as previsões futuras da economia chinesa, Lin ressalta a importância das políticas industriais e a necessidade de cada nação buscar seus próprios avanços competitivos, refletindo sobre o papel que o governo desempenha no estímulo à inovação em setores emergentes como veículos elétricos e tecnologia solar.