A jornalista e apresentadora Ana Paula Araújo, conhecida por seu trabalho no "Bom dia Brasil", lança seu novo livro intitulado "Agressão: a escalada da violência doméstica no Brasil". A obra, que já está à venda, aborda temas cruciais, como a culpa da vítima, que segundo a autora, "nunca é da vítima". Além disso, destaca o medo como um sinal de alerta em relacionamentos abusivos, uma questão que ainda aflige muitas mulheres hoje.
Com 53 anos, Ana Paula candidamente compartilha suas próprias experiências ao longo do livro. “Estou acostumada a reportar as histórias dos outros. Porém, me expus um pouco para dizer que sei do que estou falando. Passei por muitas situações de enfrentamento do machismo no dia a dia”, afirma a apresentadora. A obra será lançada oficialmente na Bienal do Livro, onde Ana Paula participará de um painel intitulado "O perigo mora ao lado", ao lado das atrizes Marjorie Estiano e Isabel Fillardis, sob mediação de Flávia Oliveira.
Não é a primeira vez que a carioca dedica suas investigações à violência de gênero. Em 2020, lançou "Abuso", que discute o tema do estupro. Para escrever "Agressão", a jornalista conversou com juízes, promotores, delegados e psiquiatras, além de entrevistar mulheres de diversos perfis e contextos sociais. “São mulheres do Brasil inteiro, de idades diversas, de todas as classes sociais, com e sem redes de apoio”, destaca.
Em uma recente entrevista, Ana Paula relembrou alguns casos marcantes que reportou em sua carreira, como o assassinato de Eliza Samudio. Segundo ela, na época, a sociedade não tinha a consciência sobre a violência de gênero que existe nos dias atuais. "Eliza e sua índole foram muito julgadas, como se alguma coisa pudesse justificar um crime tão brutal", comentou sobre o caso que ocorreu em 2010.
Ana Paula também discutiu a importância de abordar mulheres de diferentes etnias e situações de vida. "Para mim, a pior prisão é a emocional, onde as mulheres acreditam que podem resolver a situação e que são culpadas por uma violência que não parte delas", analisa. Uma das histórias que mais a impressionou foi a de Thainá, que sofreu uma violência extrema nas mãos de um ex-parceiro. Mesmo após uma tentativa de homicídio, a coragem de Thainá em continuar sua vida foi admirável.
A jornalista expressou otimismo em relação às novas gerações de homens, mas reconhece que ainda presenciam-se comportamentos machistas, mesmo entre os jovens. "Estamos melhorando como sociedade, mas ainda temos um longo caminho a percorrer. O machismo ainda permeia a vida de muitos adolescentes", observa. Apesar da esperança, Ana Paula critica comportamentos de dominação que persistem e enfatiza a importância da leitura de seus livros por homens.
O tema da violência patrimonial também é abordado na obra. Ana Paula menciona cinco tipos de violência contra a mulher: física, sexual, psicológica, moral e patrimonial. A personagem Cláudia, uma psiquiatra do livro, viveu essa forma de violência, sendo coagida por seu ex-marido a fazer empréstimos e carregando dívidas até hoje.
A jornalista finaliza ressaltando a importância de discutir e pedir ajuda em situações de violência. "O primeiro sinal de que algo de muito errado está acontecendo é a mulher sentir medo do parceiro. É fundamental que as mulheres saibam que não estão sozinhas e que devem buscar ajuda, seja da polícia ou de familiares e amigos", conclui Ana Paula Araújo.