As contínuas tensões entre Israel e Irã têm gerado um clima de nervosismo nas Bolsas, levando-as a uma queda de mais de 1%. Este fenômeno revela as rupturas nas regras do comércio exterior, exacerbadas por conflitos geopolíticos e mudanças nas dinâmicas comerciais. Em um cenário que se torna cada vez mais incerto, as empresas se veem diante de um ambiente hostil, onde tratados comerciais são frequentemente revisados ou abandonados.
Segundo Ángel Saz-Carranza, diretor de EsadeGeo, "não temos mais pontos de referência seguros; o ordens multilateral está se desintegrando rapidamente, levando a consequências drásticas para as empresas internacionais". Esses desafios foram acentuados, conforme Mireya Solís, directriz do Centro de Estudos de Política Asiática da Brookings, que afirma que "a era da globalização benigna foi deixada para trás", mas a nova normalidade econômica ainda não se define claramente.
Neste conturbado ambiente, Saz-Carranza enfatiza que as empresas precisam adotar estratégias flexíveis e diversificadas para garantir sua sustentabilidade. A resiliência é agora um objetivo primordial. Alicia García Herrero, economista do think tank Bruegel, reforçou que "as cadeias de valor precisam se ajustar de uma busca por eficiência para uma adaptação à incerteza crescente".
As empresas estão tentando reduzir sua dependência externa, contando com modelos de produção mais internos ou implementando nearshoring, como a produção em países como a Índia, onde a socioambientalidade é menos restrita. Entretanto, essa transição é mais viável para as grandes multinacionais do que para pequenas empresas, que enfrentam dificuldades para adaptar suas operações a essa nova realidade.
García Herrero também observa que as pequenas empresas estão cada vez mais marginalizadas nesse novo cenário, com o processo de exportação se tornando mais desafiador, aumentando a disparidade em relação às grandes corporações. Cem suas adaptações, aquelas que combinam agilidade e capacidade de processar informações sobre riscos geopolíticos terão mais chances de sucesso.
Experts como Axel Marx defendem uma estrutura multinível que envolva organizações multilaterais robustas e acordos bilaterais claros, promovendo a reduzida barreiras ao comércio internacional. Isso é crucial para que a Europa mantenha sua relevância geoeconômica. Javier Solana, presidente de EsadeGeo, apontou a urgência de uma ação decisiva: "quanto mais tempo levarmos, pior será para a Europa".
A reconfiguração das cadeias de suprimentos na Europa se faz necessária, principalmente dentro da União Europeia e com países confiáveis como Japão e Coreia do Sul. Além disso, é fundamental que a UE fomente relacionamentos sólidos com outras economias significativas que impactam diretamente o mercado global, como Índia e Indonésia.
Por fim, García Herrero expressa preocupação com o tempo excessivo das negociações da Europa, destacando que as demoras em acordos como o do Mercosul podem comprometer oportunidades cruciais. "Acreditar exclusivamente na OMC não parece ser mais uma solução viável", conclui.