O último Censo realizado pelo IBGE revelou que aproximadamente 2,4 milhões de pessoas no Brasil vivem com Transtorno do Espectro Autista (TEA), correspondente a 1,2% da população. Pela primeira vez, o questionário incluiu uma pergunta específica sobre esse transtorno, permitindo uma análise mais apurada da condição no país.
Os dados mostram uma prevalência maior entre homens, com 1,5% diagnosticados, em comparação a 0,9% das mulheres. Além disso, a faixa etária mais afetada é a de 5 a 9 anos, com uma taxa de 2,6%. A região Sudeste concentra a maior parte dos diagnósticos, totalizando mais de um milhão de brasileiros identificados com TEA, enquanto o Nordeste segue com aproximadamente 633 mil.
A carência de dados precisos sobre autismo no Brasil é uma questão crítica, uma vez que estes números podem subestimar a realidade. Comparando com os estudos do CDC dos EUA, que indicam que 1 em 31 crianças de 8 anos é diagnosticada com autismo, a situação brasileira sugere que o número de autistas pode ser o dobro do que foi contabilizado. Além disso, ressalta-se que condições não diagnosticadas e a falta de acesso apropriado a serviços de saúde são comuns, o que agrava ainda mais a disparidade.
O diagnóstico precoce do autismo é crucial, pois permite intervenções que podem melhorar significativamente os resultados para a criança. Contudo, a média de idade em que uma criança autista é diagnosticada no Brasil é de 10 anos, evidenciando a necessidade urgente de capacitação e formação adequadas para os profissionais de saúde.
Gustavo Teixeira, psiquiatra especializado em infância e adolescência, destaca que a escassez de profissionais qualificados no Brasil é um fator limitante. Mesmo após mais de 20 anos de formação na área, ele identifica a falta de conteúdo sobre autismo em cursos de medicina e pediatria como uma lacuna que precisa ser urgentemente endereçada.
É essencial que o poder público e a iniciativa privada trabalhem juntos para desenvolver políticas eficazes que atendam a essa população. A partir das informações coletadas, é possível traçar um plano de ação que priorize centros de diagnóstico e terapia, além de iniciativas que aumentem a conscientização e a formação profissional sobre o TEA.
\nAlém dos diagnósticos, a base de dados gerada pelo Censo 2022 é um passo importante não apenas para a saúde pública, mas também para a produção de conhecimento acadêmico, possibilitando a evolução contínua da abordagem diagnóstica e terapêutica do autismo.