Comemora-se neste dia a chegada dos primeiros imigrantes japoneses ao Brasil, que ocorreu há exatamente 117 anos no Porto de Santos, por meio do navio Kasato Maru. Desde este marco, a influência da cultura nipônica se estende para diversas áreas da vida brasileira, incluindo a moda e a beleza, que ganham novas dimensões com a estética minimalista e a crescente demanda por rotinas práticas de skincare. Assim, o legado cultural do Japão se reflete cada vez mais nas passarelas e nas prateleiras de cosméticos.
No âmbito da moda, o quimono, peça tradicional, é uma das principais influências. Embora a palavra seja utilizada genericamente, o quimono apresenta diversas versões, como o kosode, com mangas curtas, e o furisode, de mangas longas. Cada uma dessas peças possui suas particularidades e simbolismos, que vão desde a faixa etária até significados culturais. A moda ocidental, influenciada pelos quimonos, se consolidou na contracultura dos anos 60, quando os hippies adotaram essas vestes em composições com jeans e chapéus.
Marcas renomadas como Alexander McQueen e Givenchy buscaram inspiração na cultura oriental para suas coleções. Um exemplo marcante foi a coleção primavera/verão de 1998, onde McQueen apresentou um casaco acetinado com mangas parecidas às do kosode. Por sua vez, John Galliano adotou a icônica xilogravura “A Grande Onda de Kanagawa”, de Hokusai, para estampar um sobretudo da coleção “Madame Butterfly”, em 2007.
O vestido envelope, cuja origem remonta ao quimono, foi reinterpretado por estilistas como Claire McCardell nos anos 30 e posteriormente popularizado em todo o mundo por Diane von Fürstenberg.
Minimalismo Japonês na Moda
Além do vestuário, o minimalismo japonês também impactou estilos de vida e tendências modernas, refletindo-se em movimentos como o japandi na decoração e o normcore na moda, onde a simplicidade e a elegância sutil são valorizadas.
O quimono de judô influenciou apresentações recentes, transformando blazers e alfaiataria, enquanto a calça pantalona é reconhecida como uma evolução da hakama. No Brasil, estilistas como Fernanda Yamamoto e Jum Nakao trazem essa rica tradição japonesa para o universo da moda local. Um exemplo emocionante foi a coleção “Costura do Invisível”, apresentada por Nakao no SPFW de 2004, onde toda a passarela foi elaborada com peças feitas de papel, com um desfecho tocante que emocionou o público.
Inspiração na Cultura Japonesa
A sandália de dedo popular no Brasil, conhecida como "chinelo de dedo", tem raízes no zōri japonês, que evoluiu do modelo de madeira geta. Atualmente, esses calçados são fabricados com materiais variados e são amplamente aceitos. Nas bolsas, o modelo gamaguchi, popular entre as décadas de 20 e 50, incorporou elementos do artesanato japonês com seu design retrô e bordados. Marcas como Dior e Chanel reinventaram o gamaguchi em suas coleções contemporâneas.
Outra arte japonesa que tem ganhado destaque é o origami, cujas técnicas influenciaram o furoshiki, uma forma de envolver presentes utilizando tecido, criando bolsas através de amarrações inovadoras sem costuras. Os acessórios tradicionais, como os kanzashi, usados para prender cabelos, são mais do que meros ornamentos; eles contam histórias de épocas, estações e status, levando consigo significados profundos.
J-Beauty: A Revolução da Beleza Japonesa
Se a k-beauty conquistou o mundo com suas rotinas complexas e inovadoras, a j-beauty se destaca por sua abordagem minimalista e eficaz. Com uma rotina de beleza que prioriza a limpeza profunda da pele, a j-beauty utiliza poucos produtos, focando em fórmulas suaves e nutrição intensiva, apresentando ingredientes naturais como arroz, chá verde e algas em suas composições. Dessa forma, a rotina japonesa para cuidados com a pele garante resultados visíveis, respeitando a leveza e a simplicidade.
Conforme celebramos o Dia da Imigração Japonesa, é fundamental reconhecer o imenso legado deixado por esta cultura, que continua a influenciar as práticas contemporâneas de moda e beleza, tornando-se parte indissociável do nosso cotidiano.