Nova Legislação Paquistanesa e Seus Impactos
O Paquistão está avançando para a proibição de práticas ocultistas e esotéricas, o que levanta preocupações entre astrólogos e praticantes espirituais. Um projeto de lei aprovado pelo Senado em março prevê penas de até sete anos de prisão e multas para aqueles que oferecem serviços sobrenaturais vagamente definidos.
O Temor Entre Praticantes Espirituais
Praticantes do ocultismo acreditam que a legislação pode abranger um amplo espectro de atividades espirituais, confundindo verdadeira espiritualidade com charlatanismo. Shahbaz Anjum, um astrólogo respeitado em Lahore, expressou sua preocupação, afirmando: "Eu ajudo as pessoas... Não afirmo curar ninguém e, com certeza, não faço magia negra".
A Visão do Governo e a Necessidade de Regulamentação
Os defensores da proposta legislativa argumentam que ela é essencial para combater a fraude espiritual, que se tornou comum em diversas formas. Faisal Saleem, presidente do Comitê de Assuntos Internos do Senado, declarou que as fraudes, como magia bengali e feitiços de amor, rapidamente se espalham pelas cidades e precisam ser coibidas.
O Debate Sobre a Censura da Espiritualidade
A curandeira Aiysha Mirza se opõe à regulamentação, sugerindo que os legisladores não compreendem a diversidade de sua prática. Ela argumenta que a legislação poderia prejudicar aqueles que, buscando agir de acordo com a lei, são visíveis, em detrimento dos que operam por trás de cortinas. "Essas pessoas nunca mostram o rosto" – diz Mirza.
Contradições na Sociedade Paquistanesa
O Paquistão é um país de contradições espirituais. Apesar de seu desenvolvimento tecnológico e militar, práticas como a astrologia ainda são populares. Shabana Ali, uma taróloga de Islamabad, recusa-se a se registrar no governo, afirmando que legislar sobre espiritualidade limita a diversidade de crenças permitidas.
Possíveis Implicações Futuras
O debate em torno da regulamentação pode levar a um cenário em que a espiritualidade é polarizada entre o que é considerado aceitável e o que não é. Syed Ali Zanjani acredita que a intenção da legislação é correta, mas é cauteloso quanto à sua aplicação. "É preciso definir se a astrologia é ciência ou uma questão espiritual", enfatiza Zanjani.
No contexto internacional, já ocorreram tentativas semelhantes em outros países, como a Índia e a Arábia Saudita, onde a legislação foi usada contra práticas espirituais, levando a consequências severas, incluindo execuções. Assim, o Paquistão enfrenta o desafio de regulamentar o ocultismo sem comprometer as liberdades individuais.
"Estamos decidindo que tipo de espiritualidade é permitida" - Shabana Ali sobre a nova legislação.
No Pearl Continental de Lahore, Anjum descreve seu trabalho como “meros cálculos”, analisando mapas astrais com uma lupa. No entanto, a tensão entre o raciocínio e a tradição espiritual é palpável, e cabe ao país decidir como avançar no policiamento do invisível.