A Polícia do Rio de Janeiro lançou uma operação para combater preços extorsivos cobrados de turistas nas praias, após alertas sobre golpes envolvendo maquininhas de cartão adulteradas. Durante a ação, treze pessoas foram detidas na Praia de Ipanema, onde itens como água chegaram a ser vendidos por R$ 22 mil e um biscoito por R$ 3 mil. A Delegacia Especial de Atendimento ao Turismo (Deat), responsável pela operação, também empregou tecnologia de monitoramento por drones para localizar os suspeitos.
As queixas têm crescido de forma alarmante: os golpes com cartões aumentaram 169% em 2024. De acordo com a delegada Patrícia Alemany, a ação visa identificar e prender aqueles que manipulam maquininhas para aplicar fraudes em turistas. Os detidos foram levados à delegacia, onde foram identificados e posteriormente liberados, enquanto as maquininhas fraudulentas foram apreendidas.
A polícia conseguiu chegar a esses criminosos por meio de um trabalho de inteligência, além de registros feitos por vítimas em ocorrências anteriores. Patrícia Alemany relata que os integrantes da quadrilha não esperavam a operação: "Muitos turistas nos contaram que as contas de bebidas e petiscos na praia são adulteradas, levando a pagamentos exorbitantes".
Os próximos passos do inquérito incluirão o reconhecimento dos suspeitos pelas vítimas e a solicitação de quebra de sigilo das maquininhas, a fim de identificar os beneficiários dos golpes. A delegada explica que os criminosos costumam danificar as telas das maquininhas, tornando-as foscas ou arranhadas, para dificultar a visualização dos valores a serem pagos pelos turistas.
Estudos mostram que muitos visitantes estrangeiros não recebem comunicação imediata de seus bancos sobre transações suspeitas, o que os torna ainda mais vulneráveis. As áreas entre os postos 8 e 9 de Ipanema são apontadas como as mais problemáticas, além do trecho entre a Avenida Princesa Isabel e o Posto 3 em Copacabana, onde os falsos ambulantes são mais ativos.
"É importante não criminalizar os trabalhadores honestos, mas há muitos bandidos mesclados entre eles. Se não conseguir ver o visor da maquininha, evite o pagamento com cartão e prefira dinheiro" enfatiza a delegada.
Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), através da Lei de Acesso à Informação, indicam que, em 2023, a Deat registrou 345 casos de estelionato contra turistas, o que representa um aumento de 43% em relação ao ano anterior. Em 2024, foram 191 casos de fraudes com cartões, um aumento de 169%. 60% dos crimes registrados pela Deat são furtos sem violência, onde turistas, ao saírem para mergulhar, acabam deixando seus pertences na areia. Apesar do crescimento dos estelionatos, sua proporção ainda é considerada baixa, segundo Patrícia. A recente prisão de um vendedor de milho na Praia de Copacabana, que cobrava R$ 300 por dois milhos de um casal da República Dominicana, ilustra a situação precária. Além disso, dois taxistas foram detidos por manipulação de taxímetros, suscitando investigações adicionais sobre crimes semelhantes na categoria de transporte.