A recente gestão do IBGE tem gerado polêmica ao intensificar questões de desrespeito aos seus técnicos, resultando em decisões controversas, como a parceria com o Serpro, que visa a implementação de previsões estatísticas. Essa mudança é vista como um retrocesso, aumentando a desconfiança em relação à credibilidade e ao sigilo que a instituição deve preservar.
A resistência dos técnicos do IBGE, frequentemente ignorada pelas gestões, é pautada na importância da integridade dos dados e na preservação do conhecimento institucional. Desde a administração anterior, diversos projetos têm sido atropelados em nome de prazos e orçamentos irrealizáveis, levando o corpo técnico a garantir a execução dos planos de trabalho mesmo em condições adversas.
As críticas dos técnicos, no entanto, são muitas vezes desconsideradas, sendo reduzidas à simples insatisfação corporativa. Eles questionam práticas como a participação de políticos na redação de publicações oficiais e a realização de eventos fora da sede, que deveriam exigir ampla representação técnica.
Outro ponto alarmante refere-se às tentativas de captação de recursos não públicos. Tais ações podem comprometer a independência do órgão de informação, traçando um cenário onde as atividades do IBGE, financiadas por esses recursos, estariam sujeitas a interesses externos, que não correspondem às suas finalidades institucionais.
A mais nova iniciativa em parceria com o Serpro, que se propõe a implementar o Programa Nacional de Inteligência e Governança Estatística e Geocientífica para apoiar Políticas Públicas Preditivas, poderá abrir novas controvérsias sobre a atuação do IBGE. Tradicionalmente, a instituição não trabalha com previsões, uma prática que poderia trazer sérios riscos à integridade dos dados e à sua reputação.
O programa, seguindo a mesma linha da extinta Fundação IBGE+, apresenta propostas que, embora atrativas, trazem consigo fundamentos questionáveis. Há preocupações de que se os resultados forem manipulados para atender a expectativas políticas, isso pode gerar uma sombra de desconfiança sobre a credibilidade do IBGE e a segurança dos dados geridos. O IBGE, ao seguir esta nova abordagem, pode estar se afastando de seus princípios fundamentais.
Wasmália Bivar, economista, ex-presidente do IBGE