Reforma Tributária Atinge Instituições Sem Fins Lucrativos
A recente aprovação da reforma tributária, estabelecida pela Emenda Constitucional 132/2023 e regulamentada pela Lei Complementar 214/2025, pode ter consequências sérias para o terceiro setor. A introdução de novos tributos, como o IBS e o CBS, e a eliminação de incentivos fiscais, afetam gravemente as instituições privadas sem fins lucrativos. Essas entidades, que desempenham um papel vital no atendimento a necessidades sociais básicas, enfrentam desafios significativos em relação ao financiamento de projetos necessários.
O Novo Modelo Fiscal e Seus Efeitos
Este novo modelo fiscal, que busca ser mais justo e eficiente, traz consigo mudanças drásticas. A extinção dos incentivos fiscais, previstos para serem eliminados até 2033, limitará severamente a capacidade de muitas instituições de continuarem seus trabalhos. O impacto pode ser especialmente preocupante para orfanatos, creches e outras organizações que dependem do apoio fiscal para suas operações.
Preocupações com a Sustentação de Projetos Sociais
Os dados da fintech social Simbi indicam que, em 2023, aproximadamente R$ 800 milhões foram investidos em projetos nas áreas de esporte e cultura através de incentivos fiscais. O fim desses mecanismos poderá levar a uma redução drástica no financiamento de iniciativas que visam o bem-estar social. Essa situação é alarmante, especialmente em um país como o Brasil, que ainda enfrenta enormes desigualdades sociais.
Debates Sobre a Justiça Fiscal e Social
No recente encontro promovido pelo Fórum de Responsabilidade Social da FGV Justiça e Instituto Iter, especialistas discutiram a importância de manter incentivos fiscais para garantir a continuidade dos trabalhos sociais realizados por empresas e pela sociedade civil. A falta de soluções tributárias que conciliem justiça fiscal e social pode piorar um cenário já crítico para muitas comunidades.
O Papel das Instituições no Atendimento às Necessidades Sociais
As instituições sem fins lucrativos atuam em diversas áreas como educação, assistência social, saúde, esporte e cultura. Com a extinção de incentivos fiscais, muitas dessas organizações poderão ter que reduzir ou até encerrar suas operações, o que dificultará ainda mais o acesso a serviços essenciais que são, muitas vezes, a única alternativa para os cidadãos em situação de vulnerabilidade.
"O poder de tributar deve conciliar justiça fiscal com justiça social", afirmaram os especialistas durante os debates.
À luz dessas considerações, a reforma tributária não pode ser apenas uma questão de eficiência fiscal. A necessidade de um enfoque equilibrado que leve em conta o papel vital do terceiro setor é crucial. O futuro financeiro das organizações sem fins lucrativos no Brasil dependerá de como o novo sistema tributário será implementado e de se haverá um compromisso genuíno em apoiar projetos que visam o bem-estar social.