O recente ataque dos EUA contra instalações nucleares no Irã pode ter amplificado as convicções na Coreia do Norte sobre a importância de seu arsenal nuclear. Especialistas apontam que, com entre 50 e 80 ogivas operacionais, a Coreia do Norte considera essas armas a maior garantia de sobrevivência para seu regime. O líder norte-coreano, Kim Jong-un, tem reforçado a ideia de que não abrirá mão de seu poderio nuclear em meio a uma crise tão aguda.
Logo após as bombas americanas atingirem locais como Fordow, Natanz e Isfahan, o clima em Pyongyang se tornava cada vez mais tenso. Durante uma reunião de governo, Kim Jong-un manteve uma postura reservada, e o silêncio da mídia oficial sobre o ataque refletiu a preocupação do regime em relação à crescente ameaça militar americana.
Doo Jin-ho, diretor do Centro de Pesquisa Eurasia, comentou que a Coreia do Norte poderia estar vendo o ataque como um sinal de que precisa garantir ainda mais sua segurança. Para Pyongyang, o arsenal nuclear é um motivo de orgulho e Kim tem se comprometido a avançar seu desenvolvimento, citando a presença militar dos EUA na região como uma preocupação constante.
Enquanto o Irã debate sobre a necessidade de adquirir armas nucleares após os ataques, a Coreia do Norte já deu passos significativos nesse sentido, realizando seu primeiro teste nuclear em 2006. Segundo a Associação para o Controle de Armas, o país notável pela capacidade de lançar armas nucleares em diversos sistemas de mísseis, também trabalha no desenvolvimento de mísseis balísticos lançados por submarinos, aumentando assim suas opções ofensivas.
A crescente desconfiança em relação ao Ocidente é evidente, especialmente após o exemplo de Muammar Kadhafi, que renunciou a seu programa nuclear e acabou sendo deposto. Com a situação atual, fica claro para a Coreia do Norte que abrir mão de suas armas não é uma opção viável, especialmente nesse contexto de agressão militar.
As repercussões do ataque americano não se limitam apenas a aspectos militares, mas também à dinâmica internacional. Desde 2022, a Coreia do Norte vem fortalecendo suas relações com a Rússia, enviando não apenas tropas, mas também armamentos, em troca de apoio econômico e estratégico. Essa aliança pode levar à cooperação no desenvolvimento de novas tecnologias militares, aumentando ainda mais as capacidades nucleares da Coreia do Norte.
Além disso, o alicerce do acordo de segurança entre Moscou e Pyongyang implica que a Rússia deverá intervir militarmente caso a Coreia do Norte enfrente qualquer ataque, incluindo dos EUA. Isso apresenta uma nova camada de complexidade na já delicada situação na península coreana e suas implicações geopolíticas.