O Brasil apresentou uma redução de 46% no número de focos de incêndio durante o primeiro semestre de 2025, em comparação ao mesmo período do ano anterior, conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Foram registrados 19.277 focos nos últimos seis meses, uma significativa queda em relação aos 35.938 casos de 2024.
Os dados revelam que o estado de Mato Grosso liderou o número de queimadas, contabilizando 3.538 ocorrências, o que corresponde a 18,4% do total nacional. Outros estados como Tocantins e Bahia também figuram entre os mais afetados, com 2.623 e 1.992 registros, respectivamente.
No entanto, essa redução nos focos de incêndio não foi acompanhada por uma diminuição no desmatamento na Amazônia. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, em maio de 2025, foram desmatados 960 km², representando um aumento de 92% em relação ao mesmo período do ano passado.
Os especialistas sugerem que, embora haja menos incêndios, a extração de madeira das áreas queimadas no ano anterior pode estar contribuindo para os altos índices de desmatamento. Para Luciana Vanni Gatti, coordenadora do laboratório de gases de efeito estufa do Inpe, a situação na Amazônia foi catastrófica no último ano, com níveis recordes de emissões de carbono devido às queimadas. Ela afirma: "A área que queimou no ano passado é gigantesca, e esse crescimento no desmatamento pode ser uma tentativa de completar a extração das áreas afetadas pelos incêndios de 2024".
A dinâmica entre a queda nos incêndios e o aumento do desmatamento levanta questões importantes sobre as políticas ambientais e os desafios no combate à degradação dos biomas brasileiros, principalmente em um ano em que o Brasil sedia a COP30.
