A morte de Juliana Marins, que ocorreu após uma queda de um penhasco durante um passeio turístico, provocou uma comoção nacional no Brasil, evocando um forte sentimento de luto coletivo. Essa reação é um fenômeno comum em tragédias que impactam um grande número de pessoas, semelhante a eventos marcantes como os desastres de Brumadinho e as mortes de artistas amados como Marília Mendonça e Cristiano Araújo. Segundo a psicóloga Milena Aragão, esse tipo de luto acontece quando uma perda significativa ressoa nas identidades de grandes grupos, fazendo com que pessoas que não conhecem a vítima se unam em sofrimento e solidariedade.
Um aspecto fundamental do luto coletivo é a troca emocional entre indivíduos. O psicólogo Fred Mattos explica que o que um sente é amplificado pelo que o outro expressa. Assim, a dor de uma perda pode se integrar à identidade de um grupo e refletir suas emoções de forma intensificada.
Entre os fatores que estimulam o luto coletivo estão a cobertura midiática, as homenagens públicas e a presença das redes sociais, que expandem o alcance da dor compartilhada. O impacto emocional profundo é comum em eventos que desafiam a segurança e a continuidade da vida, como tragédias naturais e a morte de figuras públicas queridas.
Juliana Marins representava um ideal de vida ousado e, com sua jornada exposta nas mídias sociais, muitos se sentiram emocionalmente conectados a ela. Isso foi reforçado pelas imagens da sua busca, que incitaram um sentimento de empatia e identificação. O psicólogo Milena observa que a história de Juliana gerou um laço forte, fazendo com que muitos se vissem refletidos na sua trajetória.
A sensação de injustiça e a interrupção da vida jovem e promissora de Juliana provocaram reações emocionais intensas. Fred destaca que mortes precoces evocam um sentimento de luto simbólico, despertando a consciência coletiva sobre a vulnerabilidade humana, independentemente de riqueza ou fama.
No contexto brasileiro, a intensidade emocional em relação a tragédias é evidente. De acordo com Aroldo Escudeiro, coordenador da Rede Nacional de Tanatologia, a exposição emocional é uma característica cultural, o que se traduz em rituais, homenagens e campanhas de arrecadação após eventos trágicos.
As redes sociais desempenham um papel importante em criar um espaço para a expressão de dor e o compartilhamento de memórias. Elas funcionam como velórios públicos digitais, permitindo que as pessoas expressem seus sentimentos coletivamente. No entanto, essa superexposição às tragédias pode levar a uma competição por sofrimento e causar sobrecarga emocional, resultando em sentimentos de angústia e ansiedade.
Milena enfatiza a importância de processar o luto de maneira saudável. É fundamental permitir que as memórias das vítimas sejam honradas e que existam espaços para a elaboração da dor. Se os sintomas de luto se intensificam ou permanecem por longos períodos, é aconselhável procurar apoio emocional.”}}}