A cúpula do Brics, que ocorre no Rio de Janeiro, está cercada de expectativas, mas é marcada por ausências significativas de líderes, o que pode comprometer a influência do Brasil no cenário internacional. O encontro conta com a notável falta do presidente chinês, Xi Jinping, um desfalque que pode enfraquecer o papel do Brasil no grupo. Este evento deveria reforçar a nova identidade do Brics, após sua recente expansão com a adesão de novos membros, mas os desafios são muitos.
A ausência de lideranças proeminentes levanta questões sobre a eficácia do grupo e o impacto nas aspirações do Brasil ao Conselho de Segurança da ONU. A ampliação do bloco em 2023, impulsionada pela China, teve como objetivo transformar o Brics em uma plataforma de coordenação político-econômica do Sul Global, mas a multiplicidade de membros dificulta a formação de consensos. Especialistas apontam que essa diluição de poder pode prejudicar ainda mais a capacidade do Brasil de influenciar a agenda do grupo.
Conforme reportado, a cúpula pode terminar sem resultados substanciais, especialmente em uma época em que discussões sobre saúde e clima dominam a pauta. A expectativa de que acordos significativos fossem firmados já era nebulosa antes do evento, em função das tensões geopolíticas recentes e da guerra no Oriente Médio, que também resultou na ausência dos presidentes do Irã, Egito e da Turquia, convidados aliados.
Fontes diplomáticas informaram que a ausência de Xi Jinping, confirmada a poucos dias da cúpula, não foi totalmente surpreendente, pois já havia sido sinalizada. Contudo, a justificativa apresentada pela China foi considerada excessivamente burocrática, dado o peso do país nas discussões do bloco. Essa falta de clareza nos objetivos do Brics gera descontentamento entre os diplomatas brasileiros, que enfrentam divergências internas sobre como o bloco deve operar e beneficiar o país.
A cúpula também reflete a hesitação do Brasil em levantar temas sensíveis na área econômica, como alternativas de pagamento e o uso de moedas locais, por medo de atritos com os Estados Unidos. Essa moderação na agenda pode ser uma das razões que levaram Xi a decidir não comparecer ao evento, ao passo que a ausência do presidente russo, Vladimir Putin — também impossibilitado de participar devido a um mandado de prisão internacional — adiciona um peso negativo à cúpula.
As perspectivas para a cúpula incluem um enfoque em temas que podem ser consenso, como saúde, clima e inteligência artificial. Contudo, há o temor de que a imagem do Brasil fique prejudicada, ainda que temporariamente, devido à percepção de prestígio em baixa. Além disso, a resistência de novos membros, especialmente do Egito, pode resultar na exclusão do apoio do Brics à aspirante a membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, uma represália potencialmente mais severa para o Brasil, Índia e África do Sul.
Apesar dos desfalques, a importância do Brics permanece inegável. O grupo continua relevante na estratégia de seus membros e, mesmo com líderes ausentes, segue como um espaço importante para o diálogo e colaboração entre nações emergentes. Entretanto, a eficácia a longo prazo do Brics e seu papel na política mundial ainda estão em questão.