O CEO da Tesla, Elon Musk, anunciou no X a formação de um novo partido político chamado America Party, em meio a um desentendimento com o presidente Donald Trump. Na plataforma, Musk criticou o recente projeto de lei de gastos assinado por Trump, intitulado "Big Beautiful Bill", e afirmou que seu partido visa devolver a liberdade ao povo americano.
No início do mês, Musk escreveu em sua conta no X: "Hoje, o America Party foi formado para dar de volta sua liberdade". O empresário também sugeriu que o novo partido poderia focar na conquista de algumas cadeiras no Senado e na Câmara, que poderiam ser decisivas em legislações polêmicas, levando em consideração as margens votacionais apertadas no Congresso.
Durante seu discurso, Musk afirmou que, embora o partido possa considerar apoiar um candidato à presidência no futuro, o foco principal nos próximos 12 meses será nas eleições para a Câmara e Senado. Enquanto isso, Trump, em sua plataforma Truth Social, respondeu que Musk "saiu completamente dos trilhos" e questionou a viabilidade de um terceiro partido nos EUA. O ex-presidente insinuou que a raiva de Musk decorre do fato de que a nova legislação diminuiu os incentivos para a compra de carros elétricos.
Em uma entrevista ao CNN's "State of the Union", o Secretário do Tesouro, Scott Bessent, falou sobre a America Party, sugerindo que seria melhor para Musk se concentrar em seus negócios ao invés da política. Ele ressaltou que, apesar das polêmicas, Musk tinha uma taxa de favorabilidade significativa um ano atrás, que caiu de quase 50% para 35% nas últimas avaliações.
Mark Cuban, bilionário e investidor, expressou apoio a Musk, reagindo com emojis de fogos de artifício ao anúncio do America Party e oferecendo ajuda para garantir sua inclusão nas cédulas eleitorais. Anthony Scaramucci, ex-diretor de comunicações da Casa Branca, também se manifestou disposto a discutir ideias com Musk, ressaltando que suas mensagens diretas estavam abertas para contato.
A proposta de Musk para o novo partido surgiu após ele realizar uma enquete no dia quatro de julho, perguntando aos usuários do X se eles desejavam "independência" do sistema bipartidário, onde 65% dos 1,25 milhão de participantes optaram por "sim".
Musk, que tinha sido um firme defensor da candidatura de Trump em 2024, agora expressou críticas públicas ao "Big Beautiful Bill", um abrangente projeto de política doméstica que inclui cortes de impostos e pode aumentar a dívida nacional em mais de 3 trilhões de dólares, segundo o Escritório de Orçamento do Congresso. Ele descreveu o projeto como uma forma de "escravidão por dívida" e, após deixar seu trabalho na Casa Branca para cortar gastos, chamou a legislação de "um projeto de lei monstruoso, recheado de desperdícios". Essa sequência de críticas de Musk culminou em um racha público entre ele e Trump, com o presidente até sugerindo que sua administração poderia investigar a possibilidade de deportar Musk, imigrante sul-africano.
A pesquisa de Musk foi realizada no mesmo dia em que Trump assinou a lei de gastos. Tanto Musk quanto um porta-voz da Casa Branca não responderam a solicitações de comentário sobre a situação. A crescente tensão entre as atividades políticas de Musk e suas responsabilidades empresariais tem gerado preocupação no mercado, com analistas como Dan Ives, defensor da Tesla, alertando que a política de Musk poderia desviar a empresa de seu foco principal. Análises anteriores já haviam indicado uma desvalorização das ações da Tesla, citando as incertezas geradas pelo confronto entre Musk e Trump.