O embaixador Celso Amorim, assessor internacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, manifestou otimismo em relação ao futuro do Brics, especialmente em suas capacidades de promover a paz em um mundo conflituoso. Durante a cúpula que ocorre no Rio, Amorim destacou a biodiversidade do grupo como crucial para aproximações diplomáticas, fazendo uma crítica ao que considera falta de disposição à negociação por parte de Israel, em contraste com as conversas em torno da Rússia e da Ucrânia.
O assessor levantou que, em meio a crises como a guerra na Ucrânia e os conflitos no Oriente Médio, o Brics tem a capacidade única de dialogar com ambas as partes devido à diversidade de seus membros. "Muitos países do Brics têm liberdade para conversar com os dois lados", enfatizou Amorim, apresentando a sinergia entre países em desenvolvimento como uma força na diplomacia internacional.
Em uma entrevista concedida ao Globo, Amorim comentou sobre a recente escalada dos conflitos e se mostrou preocupado com a possibilidade de uma nova "guerra mundial". Ele fez uma distinção entre os ataques da Rússia à Ucrânia e os ataques a Gaza, chamando a atenção para as implicações mais graves que, segundo ele, representam os atos israelenses. "O genocídio praticado em Gaza é uma situação insustentável", afirmou.
No contexto das discussões, Amorim abordou a entrada potencial do Irã no Brics, mencionando que isso poderia facilitar diálogos sobre o programa nuclear iraniano. Ele referiu-se a experiências anteriores do Brasil em intermediar conversas sobre o Irã, afirmando que as sanções não são a solução definitiva. Segundo Amorim, o país poderia contribuir para facilitação de negociações, ressaltando que "a saída é sempre pela negociação".
A experiência brasileira em diplomacia foi retratada por Amorim como um ativo importante, que pode posicionar o Brics como um mediador eficaz em momentos de crise. "A capacidade de diálogo, mesmo em meio a diferenças e conflitos, é fundamental para o futuro do grupo", declarou. Ele acredita que o fortalecimento das relações no Brics é essencial para o enfrentamento dos desafios contemporâneos, incluindo tentativas de diálogo sobre saúde e questões econômicas.
Por fim, Amorim analisou a dinâmica interna do Brics e destacou a necessidade de um consenso eficaz diante da grande diversidade de opiniões entre seus membros. Para ele, a capacidade do grupo de reagir coletivamente a crises globais é um sinal positivo, sinalizando que o Brics pode ser uma força significativa no cenário internacional a longo prazo. Ele finalizou reafirmando a relevância do bloco como uma configuração do futuro nas relações internacionais.