Aumento de Incidentes de Sabotagem na Europa
Autoridades europeias estão em alerta máximo devido a uma crescente campanha russa de sabotagem, na qual criminosos locais são recrutados para realizar ataques a infraestruturas e até mesmo assassinatos. O temor se intensificou após um julgamento em Londres, que expôs uma rede operada por agentes russos associados ao Grupo Wagner, documentando até 71 incidentes desde 2022.
Detalhes da Rede de Criminosos
O julgamento revelou que o grupo recrutava indivíduos comuns, sem qualquer treinamento militar, através de aplicativos de mensagens e pagava por suas missões em criptomoedas. Essas operações envolvem a execução de tarefas de alto risco, como incêndios em depósitos de equipamentos militares destinados à Ucrânia, e a tentativa de assassinatos de críticos do regime russo, como foi o caso do sequestro planejado de Yevgeny Chichvarkin, um ferrenho opositor de Vladimir Putin.
Incêndios Criminosos e Ataques Direcionados
Três jovens britânicos foram condenados por um incêndio devastador em Londres, que consumiu um armazém com equipamentos de comunicação da StarLink, essenciais para a Ucrânia. Durante o julgamento, a promotoria apresentou evidências de comunicações entre os acusados e um coordenador russo, onde foram dadas instruções sobre alvos e a necessidade de documentar as ações.
Conexões com o Grupo Wagner
Investigadores acreditam que esta rede de sabotagem está profundamente ligada ao Grupo Wagner, que opera sob o controle de agências de inteligência do Kremlin. O governo britânico considera que, após um golpe fracassado em 2023 que resultou na morte de Yevgeny Prigojin, os serviços de inteligência russos alteraram suas táticas, utilizando criminosos comuns ao invés de agentes de carreira.
Escala Global e Implicações
Desde 2022, cerca de 71 incidentes de sabotagem foram documentados, abrangendo não apenas incêndios criminosos, mas também vandalismo, ciberataques e tentativas de assassinato. As autoridades alertam que muitos dos criminosos atuantes não possuem antecedentes e são, muitas vezes, estrangeiros, inclusive ucranianos, que foram recrutados para desestabilizar a segurança na Europa.
Respostas e Ações da Otan
Em resposta a esses eventos alarmantes, a Otan decidiu aumentar a vigilância e a proteção de infraestrutura crítica, especialmente no Mar Báltico, após uma série de danos a cabos submarinos. A intenção da Rússia com essa campanha pode ser de minar a confiança na estrutura governamental europeia e desacelerar o apoio militar ocidental à Ucrânia, reforçando a sensação de vulnerabilidade nas populações europeias. Segundo a especialista em guerra híbrida, Elisabeth Braw, o Kremlin visa criar um ambiente de insegurança e incerteza, o que pode ter consequências significativas para a coesão ocidental em face de um possível conflito mais amplo.