O presidente da Generalitat, Salvador Illa, se prepara para uma importante comparecência no Parlament, onde abordará os presuntos casos de corrupção que envolvem o PSOE e sua possível repercussão em Catalunha. O contexto deste embate será marcado por uma investigação que coloca Cristóbal Montoro, ex-ministro do PP, no centro de um polêmico esquema de cobranças ilícitas.
No decorrer de sua intervenção, Illa pretende confrontar aqueles que, segundo seu entendimento, tentam "dilapidar a confiança nas instituições". Essa estratégia surge em meio a um crescente clamor por parte do PP, que inicialmente exigiu sua presença no parlamento, mas que agora se vê em um novo cenário, com acusações surgindo em um relatório da Unidade Central Operativa (UCO) da Guarda Civil, no qual o nome de Illa foi mencionado.
A pressão aumenta para o líder socialista catalão, que, embora não esteja oficialmente acusado, se vê obrigado a responder pelos seus acordos com partidos independentes. O porta-voz do PP no Parlament, Juan Fernández, questionou a inação de Illa, tornando sua posição incómoda. "Quem cala consente", provocou o parlamentar, que ligou as ações de Illa à corrupção na gestão da pandemia enquanto era ministro da Saúde.
Uma figura pouco conhecida, apelidada de 'Chili', também faz parte da controvérsia. Identidades envolvidas neste caso levantaram suspeitas sobre o número de contratos feitos por Illa, e o PP acredita que suas explicações são essenciais. Durante uma recentente troca de palavras, Illa negou a relação com Chili, que é identificado como uma empresária chinesa envolvida em negócios de máscaras defeituosas.
A nova linha de ataque do PP, que busca associar a administração de Pedro Sánchez à corrupção, encontrará resistência nas recentes revelações sobre Montoro. Essas informações, que emergiram de uma investigação a uma empresa catalã, poderiam ser utilizadas por Illa para se defender das insinuações do PP. O tom de sua resposta, segundo fontes próximas ao presidente, focará na "nobreza da política", desafiando as narrativas da extrema direita.
A troca de acusações no Parlament poderá não apenas inflamar a tensão política, mas também tem implicações consideráveis entre os eleitores, visto que o último barômetro do Centre d’Estudis d’Opinió (CEO) mostrou que um em cada cinco catalães se mostrava aberto a votar na extrema-direita. A parlamentar da Comuns, Aina Vidal, alertou que qualquer escândalo de corrupção prejudica a democracia e a confiança pública. "Precisamos de ações anti-corrupção efetivas para restabelecer a credibilidade do governo", enfatizou Vidal.
Em resposta, o porta-voz da Esquerra Republicana, Isaac Albert, expressou sua expectativa de que Illa possa esclarecer seu papel no debate parlamentar. Apesar das preocupações sobre a corrupção, a ERC tomou cuidado para não personalizar as acusações diretamente contra Illa, embora reconheça sua posição como representante do governo central.