Uma nova pesquisa revelou que a implantação da jornada de trabalho de quatro dias, sem redução salarial, pode aumentar o bem-estar e a performance dos funcionários. O estudo, conduzido por pesquisadores da Boston College, acompanhou 2.896 trabalhadores em seis países, que relataram diminuição do estresse e melhorias na qualidade do sono.
A análise foi realizada com colaboradores de 141 organizações nos Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, Canadá, Irlanda e Nova Zelândia. Comparando com um grupo de controle de 300 pessoas que mantiveram a tradicional jornada de cinco dias, o estudo foi parte de um esforço global para reestruturar a carga horária de trabalho. As empresas participantes tiveram oito semanas para se adaptar, eliminando atividades como reuniões desnecessárias.
As perguntas sobre saúde mental, realizadas antes e seis meses após a mudança, mostraram resultados significativos. De acordo com as respostas, após seis meses de atuação em um regime de quatro dias por semana, 67% dos trabalhadores relataram redução do burnout, 41% indicaram melhorias na saúde mental e 38% relataram menos problemas relacionados ao sono. O grupo de controle, por sua vez, não apresentou mudanças significativas em nenhum dos indicadores avaliados.
Embora o estudo não tenha mensurado diretamente a produtividade, 52% dos entrevistados afirmaram que se tornaram mais produtivos mesmo com a carga horária reduzida. Aqueles que tiveram uma redução de pelo menos oito horas semanais experimentaram os maiores benefícios em saúde mental e física, enquanto pequenas reduções também mostraram impactos positivos em todas as métricas, em comparação com os trabalhadores das 12 empresas que mantiveram o formato de cinco dias.
Esses achados se somam a um crescente corpo de evidências que apoiam o modelo de quatro dias. Um teste muito comentado em 2022 no Reino Unido envolveu 3.300 trabalhadores de 73 empresas que mudaram para a jornada de quatro dias, e a maioria dos supervisores relatou produtividade estável ou até mesmo aumentada.
Iniciativas semelhantes vêm sendo adotadas em diferentes partes do mundo: a Bélgica implementou, no final de 2022, uma lei que permite que trabalhadores comprimam suas 40 horas semanais em quatro dias mais longos sem perda salarial. Já a Islândia adota uma abordagem parecida, reduzindo as horas de trabalho de maneira geral. A Lituânia permite que trabalhadores do setor público com filhos pequenos tenham semanas de trabalho de 32 horas com salários integrais, e Dubai está testando uma jornada reduzida para funcionários do setor público durante o verão.