A exposição de retratos American Sublime, da artista afro-americana Amy Sherald, que estava prevista para ser exibida na National Portrait Gallery de Washington, foi cancelada após denúncias de censura. A decisão de Sherald se deu após um pedido da galeria para que ela retirasse um quadro que representa uma pessoa trans não binária vestida à maneira da Estátua da Liberdade, com a alegação de evitar ofender o ex-presidente Donald Trump.
O quadro, intitulado Trans Forming Liberty, faz parte da aclamada exposição que passou por diversos museus, incluindo o Museum of Modern Art em San Francisco e o Whitney Museum em Nova York, onde encerrará em agosto. Após sua colaboração com a instituição Smithsonian, que gerencia a National Portrait Gallery, a artista se sentiu forçada a cancelar a exibição ao perceber que as condições não permitiam a integridade da proposta artística, como afirmou em um comunicado.
Amy Sherald, conhecida mundialmente por seu retrato de Michelle Obama, expressou em sua declaração que sentiu um clima de medo nas instituições culturais diante de um contexto político hostil, especialmente contra comunidades trans. "Em um momento em que as pessoas transgênero estão sendo silenciadas, o silêncio não é uma opção", destacou Sherald. A artista revelou que o secretário do Smithsonian, Lonnie G. Bunch III, indicou que a retirada da obra era necessária para evitar repercussões negativas.
A National Portrait Gallery, que teve um papel importante na ascensão de Sherald após a exibição de seu retrato de Michelle Obama em 2018, lamentou a decisão da artista, afirmando que esperava que o público pudesse experimentar a exposição American Sublime.
Além disso, a recente política do ex-presidente Trump sobre museus federais provocou intervenções que regulamentam o que deve ser considerado apropriado e seguro para as instituições. Em resposta à decisão de Sherald, a Casa Branca afirmou que a eliminação da mostra era uma medida necessária para restaurar a função do Smithsonian, embora a própria artista tenha optado por não seguir as novas condições...
A instalação que foi cancelada tinha como propósito questionar o lugar das pessoas negras na sociedade americana e refletir sobre as identidades, especialmente após o assassinato de George Floyd e os protestos do movimento Black Lives Matter. A artista fez questão de destacar a importância de dar voz e espaço a narrativas frequentemente marginalizadas e de que as artes visuais desempenham um papel crucial nesse processo.