Desentendimentos sobre avisos de chuva durante a dana em Valência
A recente dana que assolou a província de Valência gerou uma disputa acirrada entre a Agência Estatal de Meteorologia (Aemet) e a Confederación Hidrográfica del Júcar (CHJ). A Aemet foi criticada pela Guarda Civil, que argumenta que não enviou informações "em tempo real" sobre os altos níveis pluviométricos registrados durante os desastres naturais do dia 29 de outubro. Este episódio resultou na trágica morte de 228 pessoas e ferimentos em muitos outros.
Contrapontos e dados da CHJ
Em resposta às acusações, a CHJ apresentou um relatório que refuta as alegações da Guarda Civil. De acordo com o documento, a responsabilidade por transmitir informações sobre a intensidade das chuvas em tempo real pertence à CHJ, enquanto a função da Aemet se concentra na previsão meteorológica e alertas sobre tempestades. No total, a CHJ enviou 155 avisos por e-mail no dia da dana, entre os quais estavam dados de intensidade de chuvas coletados por diversos pluviómetros ao longo do dia, destacando que as informações foram compartilhadas com os órgãos de emergência competentes.
Impacto e trocas de informações
Os avisos foram enviados a instituições como o Centro Nacional de Coordenação de Emergências e a Generalitat Valenciana, com dados detalhados sobre a situação das chuvas e o nível dos rios. A CHJ garante que, apesar de a maioria das instituições receberem as informações, a Aemet fez 24 chamadas ao serviço de emergência 112 para fornecer atualizações sobre a situação meteorológica, reforçando o fluxo de comunicação.
Crítica ao relatório da Guarda Civil
Com relação ao relatório da Guarda Civil, a CHJ destacou que o documento ignora procedimentos estabelecidos que detalham o tempo necessário para a atualização dos dados meteorológicos e a sua visualização nos centros de controle. A CHJ também tem ressaltado que os dados utilizados pela Guarda Civil para assegurar que houve um "silêncio informativo" desconsideram os períodos de tempo entre a coleta dos dados e sua análise.
Reações políticas
A situação provocou reações de autoridades políticas, incluindo Susana Camarero, vice-presidente do governo regional, que criticou a falta de comunicação eficaz por parte das agências envolvidas, chamando o relatório de "demoledor". Camarero reclamou de um suposto "silêncio letal" de duas horas e meia durante a emergência, e pediu por mais responsabilidades das agências.
A delegada do Governo, Pilar Bernabé, também comentou sobre o assunto e mencionou que cumpriu suas obrigações, citando suas numerosas interações com a emergência em contraste com a comunicação do governo regional, levanta preocupações sobre a efetividade da resposta às emergências.
Implicações futuras
As disputas sobre a comunicação e os supostos erros de gestão durante a dana levantam questões significativas sobre como as agências de emergência lidam com situações de crise e a necessidade de um sistema de comunicação mais eficiente para evitar tragédias semelhantes no futuro. A continuidade das investigações e a busca por responsabilização podem trazer mais clareza sobre o que levou a essa tragédia e como a administração irá agir para melhorar sua resposta a desastres naturais.