O Rio de Janeiro enfrenta uma preocupante realidade, com cerca de 80 feridos diariamente em acidentes de moto atendidos nos hospitais municipais. Somente no primeiro semestre de 2024, quase 15 mil atendimentos a vítimas de acidentes foram registrados, evidenciando o grave problema de segurança no trânsito da cidade.
No Hospital Lourenço Jorge, referência em traumas, são quase 20 acidentados por dia, e os motociclistas constituem mais de 90% das emergências ortopédicas. O crescimento da frota de motocicletas, que já contabiliza 135.741 emplacamentos em 2024 — um aumento de 20% em relação ao ano anterior — está diretamente relacionado ao aumento dos acidentes. Em apenas seis meses, o número de motociclistas feridos passava de 14.497 pessoas atendidas, reforçando a necessidade de medidas urgentes para mitigar esse cenário.
O especialista em trânsito Márcio Dias explica que o aumento da circulação de motos é impulsionado por fatores como o crescimento do número de entregadores e a popularização do transporte por aplicativo. A prefeitura constatou que aproximadamente 70% dos acidentes de trânsito na cidade envolvem motociclistas. "O trânsito é muito agressivo, muito mesmo. As pessoas não conseguem ter tranquilidade", desabafa o motociclista Anderson de Souza Cruz, ressaltando a falta de sinalização e o caos nas vias.
Medidas de Segurança Adiadas
Em resposta ao crescente número de acidentes, a prefeitura anunciou em maio um plano de segurança viária, que incluía a limitação da velocidade das motos a 60 km/h e a proibição de circulação em algumas avenidas centrais. No entanto, menos de duas semanas depois, o prefeito Eduardo Paes recuou na implementação das mudanças após reuniões com representantes dos motociclistas. Desde então, as medidas permanecem indefinidas, com a administração anunciando que o plano está sendo "revisto".
A Criação das Motofaixas
Outra promessa feita pela CET-Rio foi a criação de 50 km de motofaixas, uma demanda antiga entre os motociclistas. Leonardo da Conceição, um profissional que ficou seis meses afastado após um acidente, clama por ações efetivas, declarando: "Falta faixa pra gente poder trabalhar com segurança. Vai melhorar pra todo mundo."
Desafios nos Hospitais
Os hospitais, como o Lourenço Jorge, estão repletos de pacientes jovens e a duração das internações se estende por meses devido a fraturas e lesões graves. O diretor da unidade, Bruno Guimarães, informa que muitos ocupam leitos por longos períodos devido à gravidade dos acidentes. Entre os pacientes, encontra-se José Augusto, 25 anos, que já passou por seis cirurgias após um acidente. "Estar preso numa cama não é bom. Quero me recuperar," afirma ele, buscando retornar à normalidade. Outro paciente, Maciel Gonçalves, lamenta ter se acidentado ao voltar do trabalho e destaca a importância da atenção no trânsito.