Uma nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros pode alterar significativamente os preços de alimentos no Brasil, conforme afirmam analistas do setor. A medida, que se inicia em breve, é vista como um reforço à already presente tendência de alta nos preços da carne, provocada por uma oferta reduzida de bois para abate nos próximos meses. Por outro lado, a tilápia, cuja exportação é amplamente voltada para o mercado americano, deve ver seus custos reduzidos, já que a produção precisa ser redirecionada para os consumidores brasileiros.
Entre os alimentos diretamente afetados por essa nova taxação estão a carne, o café e a tilápia. Apesar disso, a principal influência no consumidor brasileiro será indireta. A sobretaxa não recairá diretamente sobre os preços nas prateleiras dos supermercados, uma vez que será paga apenas pelas empresas americanas que adquirirem os produtos no Brasil. Os produtos que entram em uma lista de exceções terão uma tarifa menor, de 10%.
Segundo as previsões de economistas, a carne não deve ter uma queda imediata nos preços, embora uma diminuição na procura por parte dos compradores americanos possa resultar em uma breve redução dos valores. No entanto, a expectativa é que os custos aumentem após um período inicial, devido à diminuição no número de abates. Wagner Yanaguizawa, especialista em proteína animal, prevê esse crescimento, que já estava em curso antes da implementação do tarifaço.
Os EUA, que representam 12% do total das vendas de carne bovina do Brasil, estão classificados como o segundo maior comprador do produto, atrás apenas da China. A dependência de vendas para os EUA fará com que os produtores brasileiros reavaliem a quantidade de gado destinado ao abate. Ao mesmo tempo, o Brasil pode buscar redirecionar parte das exportações para outros mercados, como o Egito, que demanda importações de carne.
Sobre o café, a princípio, a indústria acredita que os preços não sofrerão influências imediatas, à medida que as negociações entre exportadores brasileiros e importadores americanos devem continuar. A expectativa de uma safra bem-sucedida poderia sustentar a tendência de queda dos preços, que já começou a se manifestar em julho.
Embora a tarifa favoreça a possibilidade de oscilações nos preços, a agricultura brasileira corre o risco de ver sua renda comprometida se as vendas para os EUA forem severamente prejudicadas a ponto de afetar a produção futura. Especialistas alertam que, caso a tarifa se prolongue, o Brasil pode começar a perder participação no mercado americano, tendo que buscar novos consumidores.
A tilápia, que é exportada quase exclusivamente para os EUA, será particularmente afetada. A imposição de 50% de tarifa sobre o pescado poderá fazer com que os preços se ajustem para baixo no mercado interno, mas a capacidade do setor de absorver essa quantidade de produtos é limitada. Eduardo Lobo, presidente da Abipesca, comentou sobre a inviabilidade econômica de redirecionar produtos que antes destinavam-se ao exterior para um mercado já saturado.
O futuro do comércio de alimentos entre Brasil e EUA permanece incerto, e as consequências do tarifaço de Trump sobre as exportações brasileiras paixões se desdobrar ao longo do tempo, com impactos variados para cada setor afetado.