Uma tragédia abalou a Mina El Teniente, localizada a cerca de 83 quilômetros de Santiago, Chile, após um deslizamento de terra que resultou na morte de um trabalhador e deixou cinco outros mineradores presos a 500 metros de profundidade. O acidente, ocorrido em 30 de julho de 2024, é o mais grave desde o colapso da mina de San José em 2010.
O trabalhador identificado como Paulo Marín Tapia, de 48 anos, estava empregado pela contratada Salfa Montajes. Os cinco mineradores afetados, todos da companhia Gardilcic, são Moisés Pávez Armijo, Gonzalo Núñez Caroca, Alex Araya Acevedo, Jean Miranda Ibaceta e Carlos Arancibia Valenzuela. Além deles, nove outros trabalhadores ficaram feridos no acidente.
Andrés Music, CEO da divisão El Teniente da estatal Codelco, informou em coletiva que as equipes de resgate possuem a localização dos mineradores presos, utilizando tecnologia de GPS, mas não conseguiram estabelecer comunicação com eles. "O evento que nós registramos é um dos maiores já registrados no El Teniente nas últimas décadas", afirmou Music. A causa do deslizamento foi atribuída a um terremoto de magnitude 4,2, registrado na tarde de quinta-feira.
Os dados do Serviço Sismológico Nacional confirmaram o tremor como a causa do deslizamento, desmentindo a possibilidade de explosões nas atividades mineradoras. Codelco destacou que eventos sísmicos são regulares em operações de mineração subterrânea. Em resposta à tragédia, a Justiça da região de O'Higgins iniciou uma investigação criminal por possível homicídio culposo.
O presidente do sindicato Interempresas, Juan Gajardo, sugeriu que o acidente pode ter sido causado por negligência, uma vez que trabalhadores já haviam alertado sobre atividades sísmicas na área. "Os trabalhadores estavam cientes do que poderia acontecer, e as operações deveriam ter sido suspensas", declarou Gajardo.
O ministro do Trabalho, Giorgio Boccardo, revelou que a revisão do caso será feita pelo Serviço Nacional de Geologia e Mineração (Sernageomin), que irá investigar se houve violação das normas de segurança. Codelco decidiu suspender completamente as operações na mina e evacuou 2.500 trabalhadores.
Gabriel Boric, presidente do Chile, cancelou compromissos oficiais e expressou suas condolências à família de Paulo Marín Tapia, assegurando que o governo estava mobilizando todos os recursos necessários para encontrar os mineradores ainda presos. "Faremos todo o possível para localizá-los", prometeu Boric.
A operação de resgate envolve cerca de 100 profissionais, incluindo geofísicos e resgatistas experientes, muitos dos quais participaram da operação de salvamento dos 33 mineradores em San José há 15 anos. A ministra de Mineração, Aurora Williams, afirmou que o acidente teve um "grande alcance" e enfatizou a necessidade de garantir a segurança dos trabalhadores envolvidos no resgate.