Um poderoso terremoto de magnitude 8,8 atingiu a costa da Península de Kamchatka, na Rússia, em 30 de julho de 2025, desencadeando ondas de tsunami que chegaram até o Havai e áreas costeiras do continente dos EUA. Apesar de sua magnitude significativa, as consequências do tsunami foram muito menos devastadoras do que se esperava. Alertas foram emitidos em diversos países ao longo do Pacífico, incluindo na Ásia Oriental, América do Norte e América do Sul, com algumas ordens de evacuação em áreas potencialmente afetadas.
Em locais próximos ao epicentro do terremoto, como as cidades da Península de Kamchatka, foram relatadas ondas de até 4 metros, causando danos severos. No entanto, em regiões como o Japão, que está geograficamente mais próximo de Kamchatka do que a maioria das costas do Pacífico, as ondas se mostraram menores do que o esperado. Com isso, muitos dos avisos foram reavaliados e cancelados, uma vez que os danos ficaram aquém das previsões iniciais.
Para compreender o fenômeno, a geologia tem um papel crucial. O terremoto foi ocasionado pela interação entre a Placa do Pacífico e a Placa Norte-Americana. Essa dinâmica geológica envolve o processo de subducção, onde uma placa é forçada a descer sob a outra. Segundo o USGS, o movimento médio de convergência entre as placas é de aproximadamente 80 milímetros por ano, um dos maiores registros em fronteiras de placas. Entretanto, esse movimento nem sempre ocorre de maneira constante; grandes deslocamentos podem acontecer repentinamente, resultando em terremotos significativos.
A crosta terrestre, composta por rochas duras, apresenta comportamento elástico em grandes escalas. Durante o processo de subducção, a forma do fundo do oceano pode mudar subitamente. Cômodas regiões costeiras podem ver sua crosta elevada, enquanto em algumas áreas, a crosta sobrejacente pode ser puxada para baixo temporariamente antes de retornar à posição original, como ocorreu na Indonésia em 2004. Esses movimentos verticais do fundo do mar são os principais responsáveis pela formação de ondas de tsunami, já que deslocam enormes volumes de água.
No caso do tsunami gerado pelo recente terremoto de Kamchatka, as ondas viajaram pelo oceano a velocidades de até 710 km/h. Embora a energia das ondas se dissipe à medida que cruzam o oceano, o perigo se intensifica à medida que se aproximam da costa, onde a topografia do fundo marinho e a elevação da onda podem causar um aumento significativo da altura da água.
A profundidade do terremoto de Kamchatka, que foi de 20,7 quilómetros, também desempenhou um papel nas características do tsunami. Em comparação com o terremoto de Sumatra em 2004 e o do Japão em 2011, a profundidade maior do recente terremoto resultou em um deslocamento vertical menor do fundo marinho. Esse fator foi decisivo para que muitos avisos sobre o tsunami fossem cancelados antes da chegada das ondas.
Alan Dykes, Professor Associado de Geologia de Engenharia na Kingston University, ressalta que a compreensão das dinâmicas geológicas é essencial para avaliar a gravidade das consequências de terremotos e tsunamis.