O novo filme da Pixar, Elio, chegou aos cinemas envolto em expectativa, mas não conseguiu conquistar o público nas bilheteiras. Com uma abertura decepcionante de apenas US$ 20,8 milhões nos Estados Unidos, Elio teve a pior estreia da história do estúdio, mesmo com um orçamento que pode ter ultrapassado US$ 200 milhões.
O longa, que recebeu boas avaliações da crítica, passou por um processo de produção conturbado. Ex-funcionários da Pixar revelam que o personagem principal, Elio, foi inicialmente apresentado com traços que remetiam à identidade LGBTQIA+, refletindo a vivência do diretor original, Adrian Molina, que é abertamente gay. Embora a intenção nunca tenha sido fazer um filme sobre "sair do armário" — considerando que Elio tem apenas 11 anos —, ele deveria mostrar interesses mais sensíveis, como moda e preocupação com o meio ambiente, além de sugerir uma paixonite por um colega.
Com o tempo, esses elementos foram sendo suavizados após feedbacks da liderança do estúdio, perdendo características que poderiam ter enriquecido a narrativa. Entre as cenas cortadas estava uma sequência onde Elio criava roupas a partir de lixo reciclado, incluindo uma regata rosa, e uma imagem que sugeria sua paixonite por um outro garoto.
A ex-editora assistente da Pixar, Sarah Ligatich, parte do grupo interno PixPRIDE, lamentou as mudanças, afirmando: "Fiquei profundamente triste e consternada com as mudanças. A saída de talentos após o novo corte foi um sinal claro de que muitos estavam insatisfeitos com a destruição daquela obra tão bonita." Esta insatisfação culminou na saída de Molina e na entrada das novas codiretoras, Madeline Sharafian e Domee Shi, que finalizaram o projeto.
Embora não haja confirmação de que a decisão de diluir os temas queer tenha partido da Disney, informações do Hollywood Reporter indicam que a pressão pode ter vindo de um clima mais conservador nas lideranças da Pixar. Um ex-artista do estúdio, que preferiu permanecer anônimo, afirmou: "O Elio que está nos cinemas agora é muito pior que a melhor versão de Adrian. Ficou genérico." Além disso, a troca de America Ferrera por Zoe Saldaña no papel da mãe de Elio — que se tornou tia no filme — também está ligada a essas mudanças, já que Ferrera se afastou após discordar da nova direção e pela percepção de perda de representatividade latina no filme.