O recente comportamento do ministro Alexandre de Moraes em relação à censura nas redes sociais tem gerado intensos debates no Brasil. A ordem de obrigar militares réus a vestirem roupas civis durante interrogatórios, determinada por Moraes, ilustra a crescente pressão por censura, alimentada por vozes progressistas. Essas ações refletem um contexto de crise democrática, onde valores fundamentais parecem estar sendo inversamente aplicados.
As decisões de Morais, como a imposição de mudanças nas vestimentas dos réus, têm um simbolismo significativo, transcendente ao ato em si. "Punição a traidores" e "defesa da soberania" são algumas das mensagens implícitas transmitidas por essas intervenções, que muitos interpretam como um claro sinal de uma obsessão censória que contrasta com a narrativa de liberdade de expressão. A rejeição de postagens nas redes sociais se transforma em vetos a elementos de autoconceito, questionando até onde vai a efetiva liberdade em um espaço tão público.
O campo político brasileiro, fragmentado entre progressistas que clamam por sanções e a direita extremista que se apropria da bandeira da liberdade de expressão, revela uma dicotomia trágica. A inversão de valores leva a uma situação onde o populismo autoritário se alimenta da indignação popular, provando que a crise democrática atual não é apenas reflexo de inimigos externos, mas também da abdicação dos princípios democráticos por aqueles que deveriam defendê-los.
O fenômeno não é exclusividade do cenário brasileiro; a polarização vista no exterior, principalmente nos Estados Unidos, reflete realidades semelhantes. A noção de um "Estado profundo" na política norte-americana e o clamor por liberdade têm reverberações diretas nas discussões sobre censura e controle. Urbanos contra rurais, liberais contra conservadores — o povo comum toma partido em uma batalha cultural que, no final, só reforça as divisões.
Os desafios que o Brasil enfrenta, como a margem de votos que quase fez Bolsonaro retornar ao poder, trazem à tona questões sobre a essência da democracia. As tentativas atuais de silenciar vozes por meio de uma regulação disfarçada não apontam para progresso, mas sim para um empenho em estreitar ainda mais os laços da polarização.
Finalmente, a mensagem é clara: uma crítica honesta ao discurso político é necessária para se redirecionar o curso das ações. O aumento da censura travestido de regulação das redes sociais e do aumento do identitarismo demonstra que, se as lições do passado não forem aprendidas, a história pode se repetir, levando a sociedade a um caminho obscuro de retrocesso democrático.